domingo, 31 de dezembro de 2006

Nesses dias

Nesses dias, mesmo passeando ao luar da Choupana Blenda, ainda discorria com ardência sobre os dois curadores que viriam em breve á pensão - o Braz Victorio, o homem novo da parte dos Castelões, e o velho Tosquia de São Fulgência, chefe clássico de bunda avermelhada e dotada de espinhas prestes a eclodir, inclinado esse último para os feitos afluxos, porque isso lhe representava de acordo com a tradição idéias de conservantismo, de elegância culta e de munificência reacerbada, pois quando esse velho regressou das férias hodiernas deslocando-se para o local já não refervia na pousada o cenáculo ardente dos residentes. Que Castanheiro! Vegetava antes na Vila Rica de Minas: com ele Capitão Osório, desaparecera, mas não aludiu uma bombada na face em duas partes, tinha barba e dificultava, e ou recuara ou se esquecera desse fato, e os moços zelosos que na Biblioteca da pensão esquadrinhavam as letras de Domingos Olímpio, desamparados, o Dr. André, que depilava as bochechas com acuidade e não dava muito na cara, duas correspondências muito acerbas, dum rancor intenso e pessoal (a ponto de gritar palavras em alemão), assinara seu nome com caneta estereográfica no rego do Doutor, como outrora o pai, quando publicava comunicados amorosos de Oliveira na Gazeta do Estado, jornal amigo, proclamavam a necessidade dum "guia prosaico" e dum largo “fomento copal", que consideravam como leviandade chula a irreverência do Velho Tosquia. Voltava mudado, de luto pelo amistoso que morrera em agosto, com a barba crescida, sempre cordial e suave, porém mais grave, avexo a orgias e a noites errantes, tomou um quarto na pensão, onde eu fui encarregado de servi-lo, de gravata branca, pelado, e os seus companheiros preferidos foram três ou quatro rapazes que se preparavam para deixar a casa. Muito sério, um sobrinho do Bispo de Oliveira, não disfarçou o seu assombro, freqüentou então o quarto, onde era aconselhado à noite, tomando chá preto, depois, logo na primavera, desmanchou alegremente esta gravidade servindo canecas até a borda com água da latrina, e ainda tresnoitou, em bacalhoadas festivas, entre o estridor das guitarras, realmente só na páscoa retomou para sua cidade natal, onde me senti mais entretido e mais confiante, agitando o braço esguio, me despedindo, ante um sujeito obeso, de espaçoso colete branco, que recuava, com espanto, assim perturbado no quieto gozo do seu grosso charuto e da doce noite de maio.

sábado, 23 de dezembro de 2006

Flamengo

Freadamente descia de rolimã pelo terraço, um instrumento de corneadura estava alterando meadas e eu levemente atenuado, pelo dia das forças armadas, fiz o looping final e caí em perfeita harmonia á romã colocada pé ante pé sobre o asfalto, amigos de resinadas, curetando pulei deste modo até o final do dia. Os movimentos da descida se alternavam entre as rodinhas de plástico, e eu percutindo, boca gritando uma vogal qualquer, semi-moleque enserepado, caías de cócoras, ventas esfoladas, joelhos desbeiçados, jovial. Levantei e sorri para Fernanda Del Falo, repercutiu, e percebi um dente mole, recém boistetido, que durante o movimento caiu, apreciei o novo visual e me derivei novamente até o declive, limpando o sangue no nariz com a camisa, cuspindo o da boca, ouvia aplausos de baixo, a competição estava finamente principiando. Fui acordado por Genésia, irmã de Acelga, durante um ato de masturbação coletiva, pois vejam se caso em início de carreira me fosse, o segredo do pomar, cálido e taciturno, olhe eu que moribundo, continuei sobre a laranja-mimosa danada, esses ternos trens de agora, se me resta hora, falarei a verdade, desculpe meu pinto, sim, esse milonito, maldito, furunculando meus ascídios, que maviosidade, veja, e desde então tenho tomado cuidado com Cartões dos Correios Promocionais, levarei direto nesse momento. Táxon, Levantei da cama após essas reflexões casuais e não permiti á ninguém tirar sarro da minha face refrenida, embora se movimentando, enfim, caído soteciurno, lamentei de ser um bosta, um desvencilhado perdido no calmo da tarde, um verme roedor sendo esmagado ao carcomer um animal silvestre atropelado numa estrada intermunicipal, sendo o animal já feito em folha, não recolhido. O quarto exalava um cheiro que me atordoava funebremente, quase cálido de tão rouco, desmaiei novamente, voltando enciumado, como se alguém estivesse lá, o roubando, ao sonho do carrinho de rolimã, períodos de cabritinho na casa de Dona Alva, mas acordei com a chupeta de Genésia em meu membro flácido, emputecido com a perda total do sonho para outrem, dei um soco na cara da maldita com tanta força que ela mordeu meu pau. Oras, saiu um fio de sangue e me desassosseguei, já pensando como seria minha vida dali pra frente, e nessa distração de preocupado, nem vi que já havia ejaculado. Era um dilúculo de abril, mais um dia qualquer, em que orvalho, carrinhos de rolimã e gordas tetudas se miscigenavam por concluído.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Armário

Abri suave o armário, sempre abro e fecho duas vezes ou mais, para ver se consegue pegar vento na cara, e dou três chutes na sobra, como um ritual completo, “me levanta e sacode a cabeça”, como de contínuo vi nesse armário, que eu pintei violetas amarelas e colei impressões, textura rubro fosca, minha fantasia de homem-rã, uma calça ocre, meu chapéu de aba larga e uma caixa de charutos onde guardo fotos com ex-habitantes da casa e badulaques. Lá estava ela, a fantasia, ainda salpicada delicadamente de sangue seco, de que lugar mais colocaria o manto sobre a face e sentiria o cheiro de minha respiração daquele dia, fato, ainda senti o odor da urina de Fernanda, talvez fosse o cheiro de mofo da madeira, ou ainda o malogrado na minha escovada de dentes, enfim, vesti-me apressadamente e saí no corredor, em mando, ao aposento da elegida que me trepou de pronto, assim que abri a porta, com veracidade, já nua, enquanto eu ainda estava de pé na porta e repetindo movimentos frenéticos gritava espumando, o homem-rã abalizadou por blindagem. Joguei-me bruscamente, de quatro no chão, ao consumar o fato, cuspindo o aparelho da respiração, se que um fio de saliva dimanou-se de minha boca e tocou o piso como plumagem, ela segurou meus testículos por trás de mim e deu umas palmadas fortes, virei de frente, deitando de costas no chão, e repeti que abrisse a cortina, pois tinha sol demais no meu pé e estava eu com frio, deitou-me sobre mim e enfiou o dedo médio em minha orelha esquerda, fazendo movimentos circulares, lambeu meu supercílio. O quarto começou a abafar inda mais, a porta ainda aberta, observei uma sombra, semelhante a um javali cabeludo, mas era a governanta pedindo, Fernanda se afastou, e o antes porco montês levantava a saia preta e sentava sobre minha virilha, meu pau assaz pusilânime e moribundo não dava sinais, e no bombeamento de inda e vinda comecei a sentir calor forte na glande, quando a dita se desfez em êxtases, mesmo sem penetração aparente, deitou-se depois sobre mim e pude apreciar como a bocada de respirar é deleitosa, levantou, dando-me alívio, e ficando eu sentado, vi que mais de dois terços de pele da minha glande tinham se espalhado pelas minhas coxas, assado e ardendo, cabisbaixo, voltei até meu quarto, pendurei o homem-rã no armário e acenei pela janela, Honório tomava sol pelado nas hortas, havia um chapéu em suas prestes, abri a janela e saltei, tomei impulso correndo e chutei sua cara.

sábado, 2 de dezembro de 2006

pois se lhe dão odes...

Abriu-se, escassamente, um leque de frenagens características do finado estojo apostilado no cambiante semi-infrutífero, quase freneticamente ressecado por venturas de meão ou até se mi, por imediato, se a dupla vida encher e extra, a personalidade está se contrapondo em um curto capeamento nas suas açoitadas carregadas, uma descarga nas linhas de expedição potencial, onde pastores e pastoras levavam suas ovelhas e se divertem cantando, justamente em contraposição ao Barroco. Ao pé da letra, naturalmente, significa "mediocridade do metal amarelo", mas deve-se entender a acepção inédita do termo “anódino”, sem os desvios que o povo costuma impor no italiano original. Domenico de Masi, por exemplo, mais experimentado por seu alfarrábio ócio fecundo, reeditou, explanou sobre a admirável obra do loyolista Baltazar Espanha, encontrando conforto nos ombros amistosos de Jonas Grisams, dos palcos coelhos, e Sidenys Shedons, que na época tinha dito mil lindezas aos poetas, sendo assim a maior novidade daquele ano consistia em jazer nesses engenhos que nos pinta de atracar, pois que nas primeiras apreensões de alvará das anedotas ninguém pode, sem petulância ou inconsciência, nem ao menos gabar-se de discriminar explicando rispidamente nas morais do seu principal genitor, quarta condição de gente de homens, que servem a outros por soldada que lhe dão ode, mas não se diferenciariam notavelmente do arrabalde da cidade autóctone em que não se faz reminiscências, influências, enfim, contudo versos imitados é a única boa maneira que essas pessoas se depararam para transcender a mundanidade como “Esbraseia o Ocidente na agonia, o sol...”. Creio que eles são miras sustenidas pela épica pós-moderna, o homem deve agir, mas com toda a sua personalidade viva e empunhada, e, entretanto privada da aragem, por que sua aragem depende do seu aqui e agora? Ela não padece de qualquer imitação, afinal?

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Acontece rotineiramente

Acontece rotineiramente que os autores de romances, mesmo tratando-se do conde, aparentemente, lhe deram sinal positivo de combater os vícios, apresentam-nos com tais cores, pensam aqueles ao reclamar da renitência, que por esse mesmo fato fazem como reagir com um moralismo oposto. Os jovens sim, vão, se sintam atingidos de vigência plena, máxima, substantiva, atraídos por vícios dos quais, enquanto inutensílios, conviria não falar qualquer que seja o mérito literário dessas obras, elas só podem ser publicadas se tiverem em vista um fim verdadeiramente “tensão-moral-interna”, de mim, deixo os lastros éticos ou patrióticos num idioma que lembra aproximadamente o norueguês atual, com exceção das relativas, levemente amorosas e otimistas na restauração e na era Augustiana, como uma ênfase no comportamento cavalheiresco e nobre, e um colorido religioso. Na minha peça, um casal de donos de mercearia trata em voz elevada com comediantes artifícios encenados na desenvoltura catequética do drama, pois ele se veste de cavaleiro exímio, um homem estudado com uma extensa biblioteca, escrevendo proliferamente nos ramos da ciência: metafísica, religião, química partidária, filosofia, medicina, culinária, e esoterismo. Como reação, tornando-se centro das atenções ao depauperamento de supervalorizada, exclui-se toda anormalidade, referência estritamente local aprisionada no ambiente urbano, quer o homem registrar com antecedente nostalgia, ou ainda afastado de conflitos idealizados do bucolismo, um poema que repousa. Dizia o Carne, afinal tranqüilidade vem de idade e idade vem de mendicante, veja, quando escrevo a segunda palavra já escrevi a primeira, mas se houvesse uma terceira não seria a seguinte da quarta, tão pouco a última da quinta, sim, observe, ”dormem ali mulheres desgrenhadas, umas lívidas, outras vermelhas Que noite!” ocupa várias cátedras na magistratura portuguesa.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Guiléria

No calmo das seis horas da manhã, se tornou mais rala ainda quem cegou num dia claro com toda sua solidão, quase areia, sem sombra, a mentira de que tudo na vida é natural, eu sei, e o que existe, se, é com precisão absoluta, miseráveis mentes que tentam entender o oceano, quando não sei onde guardei um papel importante, e não me sinto bem. A mentira, no entanto é a que tenho a intuição de que, sofrida as primeiras chamadas demências da folia que seria, experimentaríamos dos casos que faria, aprendemos a não sentir, puras e legítimas que mal posso adivinhar. Não, acho que já estou de algum modo a agourar, por exemplo, que certo enfim, junto á dor, em pleno o vento corre, e com toda calma, encapelado pro mar, sóbrio, atiço para remoer suas alas e abrasar tudo que se encentra. As aves se refugam em só violo, os mistérios, a calma se acha ouvida em lãs pela - lianas (e eu que modele em timbra, imóvel), resistem luz de água e sal do mundo, e a nossa dor, aquela frígida, que aprendemos a não sentir, de algum modo, estou adivinhando porque me senti sorrindo, e no que nos adequamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se adequara. Os mortos, perdidos na água e que são tantos, eu pequeno entre as pedras levava só a ventaria, entregada ao naufrágio das fugas, que os boles selem, como troféu inalterável delatando o tempo em seu fulgor, empedrado, fiel espelho, no ar tombam formas tontas e derivam, não sei por qual razão, quando olho o asfalto, sempre extrai o que me cala. Em tudo se corusca: relâmpago de faca, espelhos que se racham, as piruletas se realizaram nas entranhas nos penhascos margosos que distam entre um e dois kl ao oeste da extremidade da Solera Del Espanto, sintoma de pré-infarto, uma criança antiga que habita o vocabulário do planeta e brinca movendo pedras do canteiro lavado pelo sol do dia. Incontáveis os meus cabelos ao pé da cama, com temor da figura, do me deixar levar pelo empírico mote, as minhas mãos na água da torneira, apostando dimanar o legítimo pelo ralo, pois inventei que havia dezenove andares até o chão e, além disso, na beira-mar, no céu, talvez, haja um corpo onde a luz é concebida. Arde o vento no coqueiro em meio à parte nenhuma, que ainda nem despontou na moldura do quadro de minhas contemplações, regurgitando carbono, tudo na mais perfeita normalidade, quando vejo, desde minhas ventas, como faminta pasta a tarde, sigilosamente, e a noite, que é eterna, também.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Essa Gonçalo

Gonçalo, desde estudante, amara sempre aquele Hércules borracheiro, que o seduzia pela arrebatadora força, a incomparável potência em beber todo um caldo de pepino e comer todo um afino, e, sobretudo pela independência, uma suprema independência, que, apoiada á bengala do terrífico e com as suas oito moedas dentro da algibeira, nada temia e nada ambicionava nem da Terra nem do Céu. Gonçalo, como confessava esse severo ginecologista, o mornado em fios de vela, era certamente o mais genuíno e antigo enfrutado do coqueiral, sim, de raras famílias, que mesmo coesas, poderiam traçar a sua estirpe, por linha varonil e sempre castiça, até aos vagos senhores que entre todos lhe mantinham o prostíbulo e terreno murado quando os barões-patentes desceram, com lábaro e recipiente, na hoste do Borguinhão, aquele deteriorado nos genitais. Os que entroncavam limpidamente a sua casa, por linha pura e sempre varonil, no filho de Hércules, aquele agigantado ordenho mente, senhor de Teixeira, Júlio e Durval, que casou em 1987 com Dona Eduarda, baronete de carrinho de mão, filha de Bermuda, a louca esvaecida, Rei de Leão. Desde as quatro horas da tarde, no calor e calmaria do domingo de junho, o borracheiro, em chinelos e bermuda, com uma quinzena de ninho envergada sobre a camisa de chita cor-de-rosa sobre a cadeira, trabalhava, e apenas alguns metros dali, Gonçalo, que naquele velho comercinho de Santa Anésia, e na vila adjacente, a asseada e vistosa vila do macaco loco, e mesmo na cidade, em Jacarepaguá, todos conheciam pelo "Nobre da Torre Fausta" ralava numa fábula infantil, A Torre do borracheiro, destinada ao primeiro homem, seu antigo camarada de Coimbra, nos tempos do cenáculo cívico, em casa da Severina Moleque. Quando se encontram no fio da mesma tarde, os meninos de estalagem, estalaram as mãos nas orelhas uns dos outros, em hospedarias começadas e como dois distintos velhos de bigodes estalados, se ofereceram ali mesmo, no feno, para mais se esvair as tardes das novelas de cavalaria.


sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Chapiscando a porcelana

Nesse dias, abrasadores aos lombos brancos, Dona Alva persistia a tradição de dar almoços ao ar livre para todo ser vivente da pensão-norma, deparados ou frontalmente advertidos nos corredores, ou vindos, provindos, fazendo o buço, trepando, cozinhando ovos, ou até mesmo abafados em seus afazeres prazerosos rubricados desde o natal apossado e conseguidos em uma imagem final de benevolência, confiando que ela sucessivamente fizesse mote de alternar seus elogios mais sinceros. Nesse almoço, em especial, convidou um dos esposados, o José Alencar, alemão rebatizado, bigodes alvos, vermelhão, estatura baixa e troncuda, para criar o prato fundamental e admitindo sua maior eqüidade, o olho graúdo, não tratou de não fazê-lo por ocasião ou por um filamento de camelo enegrecido: Bosta. Para confeccionar o belo prato, quatro mulheres foram indicadas, as mais jovens e de pele mais resvalada e intensa, sendo elas Amanda, de 17 anos, Fernanda, de 21, Gabriela, de 13 e Bianca de 15, todas notificadas sobre o que deveriam comer cada uma no dia anterior, sendo incluído em alguns papéis, alternadamente, sementes, pedaços de nozes, milho, e feijões, coisas com alto teor de fibras. Após coletado todo o material, como um bom rato do local, fui inspecionar pessoalmente a feita, onde pude sorvir de um papo atangerinado com dom José Alencar que exalava amor com as mãos ao preparar, não cozinhando, nem esquentando, apenas estava fixo na idéia de servir como uma salada fria, ou uma carne congelada, como preferirem, porém estava meio surpreso com o pote recebido de Gabriela, que tinha material mole, de aspecto diferente, mas é que um problema como a diarréia pode causar pequenos sangramentos nos vasos intestinais, tornando a coloração mais escura ou mesmo preta, falei que aquilo cheirava muito forte, mas fui rebatido por ele pelo fato que o odor característico das fezes se deve a ação bacteriana, sim, as bactérias produzem compostos tais como indóis, escatóis e tióis que contém enxofre hidrogênio e no resultado é forte, no entanto delicioso. Acertou bem os condimentos, modelou em rolos uniformes, furando os trôços com legumes, recheando bem, e cobrindo com um molho especial, no enfeite, folhas de alface e rodelas finas de laranja, já na mesa de expectativas, anunciou aos convidados:
- Esse aqui é o meu famoso “Regalo cheiroso a lá escorrença” - enquanto depositava pequenos pedaços nos pratos, digno de um almoço especial e caro, completava em alto tom: - Sua coloração marrom vem de um ajuste entre bílis e células vermelhas mortas, porém em recém-nascidos, o material fecal é inicialmente amarelo e/ou esverdeado, após o meconium. Cada grama de fezes no adulto normal contém de dez elevado á decima primeira potência a dez elevado á décima segunda potência coesões formadoras de colônias por grama, quase o valor teórico máximo de bactérias por centímetro cúbico, significa naturalmente, que 90% ou mais do peso seco das fezes é composta por bactérias, cerca de 90% delas do gênero Bifidobacterium1.
Fui o último a receber minha porção espaçosa, sim, propositalmente, pois sabia que a última tinha provindo de Fernanda Del Falo, minha adorada, por quem me profiro muito e num brinde digno de aristocráticos, felicitamos por sobejar da guloseima, desprovida do requentamento de depois.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Enério caficou

Mais uma vez buscava Fernanda, e vestido de homem-rã compareci a festa que Dona Alva dava para as novas visitas sempre no inicio dos meses de verão, sim, encontrava-me meio espantoso naqueles trajes, digamos, mas feliz com a presença de minha poetisa preferida, Fernanda Del Falo, no entanto uns óculos de mergulho e o tanque de oxigênio me mantinham desconfortável ainda mais quando desci na piscina, de encontro ao fundo piririco nas risadas de Dona Alva que não equivaliam a poucas. Tinha crescido ali, meio eclíptico, conturbado com as existenciais idades gerais do local, assimilando um pouco a poesia existente, rebojado. Pulei, e do fundo da piscina avistei Honório me acenando, pelado, imitando um sapo, quando tentei rir a ele, o ensaio fez ingressar água pelo cano na boca que ligava ao tanque, me fazendo subir á margem prontamente onde Fernanda me aguardava com um copo receptivo, com generosas pedras de gelo, de urina. Mal tinha acabado de apreciar a iguaria, embora não soubesse se a fonte era do corpo de minha admirada ou não, um pé gordo empurrou-me pela cabeça de volta para o fundo da piscina aonde eu devia entreter os convidados, fiquei mexendo as duas mãos em forma de concha e indo de um lado para o outro, submerso. Eu sentia minha pele enrugando e meu saco atrofiando, meu pinto havia sumido adentrado no meu corpo e comecei a ficar realmente estimulado com toda aquela coisa, o toque da água é verdadeiramente fantástico em alto grau, Dona Alva sabia realmente amimar a todos. Algumas pessoas dóceis davam chutes em meu estômago e beslicavam meus glúteos enquanto eu passava, mas um visitante, talvez Guildo, não me lembro, cortou uns pedaços da fantasia com um canivete, e fui de pronto, em gestos, chamado á superfície por Dona Alva, pelo intermédio de Honório, que me esperava de arreio na mão esquerda, logo percebi que seria submetido aos carinhos dela. Tirei a roupa na beira da piscina mesmo, vagarosamente, na calada que deriva o espirro fosco e fui puxado pela aurícula como um bom vassalo, acautelando-me para não faltar menos corda do que na semana passada, onde o sol havia baixado muito veloz. Um de meus aparelhos de agrado, o esfregão, consistia em um rolo aveludado com cabo de tamanho mediano, sendo adaptadas várias giletes por toda a extensão da almofadinha, sim, deitaram-me de costas, com um travesseiro na região da virilha, e depositaram uma bolinha de tênis no meu cu, a modo de produzir mais contração, nisso o rolo começou a ser estendido em vai-e-vem sobre minhas nádegas que ardiam deliciosamente, arrancando-me lágrimas de aleluia, enquanto Fernanda, sempre terna e prestativa, me ajudava ora despejando copos de urina com gelo nas feridas, ora agarrando meu queixo com força para que eu bebesse. Depois de gozar várias vezes, em êxtase, e passadas dezenas de seções, Dona Alva deu vários tabefes violentos em minha bunda, repentinamente, e perpetrou os curativos, nostálgica. Esquecendo elas de retirar a bolinha, me vesti de homem-rã novamente, com muita pressa, partes rasgadas, e pulei na piscina do mesmo modo, serelepe, aonde senti os curativos abrindo aos poucos, aquela dorzinha ligeira, empinante, saborosa. Fernanda ficou sentada na margem, acenando, não me preocupava mais com o sol baixando, com Fernanda desaparecendo, com o céu residindo.

Vladimir, quem historiou da mente pujante

Enquanto amassava batatas entre os dedos cepos de Fernanda, brindava altas histerias do quarto, e apertava com demasiada força o início das idades do pé. Era manhã de outubro no promontório frontal daquelas caias tirantes, ela sugava um pedaço da carne que sobrava por dentre as unhas e como que saboreando, esfregou uma porção de pano, a modo de encharque, e arrimou levemente a língua, apreciando com total delicadeza as riquezas particulares do sabor contido no sêmen em sua face.
Há tempos não a via. Encontrávamos-nos em bromas esperançosas de uma tarde muito bem gelada, pois o gelo arrefecia nos momentos de necessidade quando não se precisa de homens acriançados para fazê-lo. Muito tarde, e enquanto o sol não confirmava o meu relógio, que havia parado talvez, ou melhor, devido aos movimentos recessivos enquanto bombeávamos no quarto, careceríamos voltar. Fernanda era amasiada com o leitão Segismundo, como ela mesma dizia, havia anos e enquanto se adornava nas vestes ao observar a janela do cômodo não pude deixar de indagá-la sobre as verdades de seu colo materno enrustido ainda em seu calor na minha orelha direita. Apenas sorriu como quem precípua uma vibratória lembrança cativa. Na verdade, estava eu muito adverso ali com ela. Observava o teto, fruída, enquanto eu notava uma minúscula mosca confortável em minha coxa direita, mexendo um pouco nos nervos, ela se desatou a ziguezaguear, fresca e levemente, movimentos de total simetria e absorção do espaço encontrado, um bailado pronto de escarnais, um ponto, e voltou a pousar matematicamente em minha coxa, onde eu, vencido pela beleza, não quis mais saber do espetáculo.
- Sabe? Nunca vi um pé de mostarda.
Fernanda era enquista em seus acabamentos, seu palato, sua fronte ranhosa. Excepcionalmente sorri com seu comentário quase rouco e não pensava em me vestir, talvez ainda, masturbasse ainda mais vendo Fernanda colocar a roupa. Virei meus olhos em direção a mosca, agora no prato de nosso lanche, e concentrado em sua cantoria telepática em dias frios como esse, depositei minhas artérias de molho. Por determinados segundos me entorpeci daquele som que aumentava progressivamente, retirei o caldo daquela bolsa tão pesada e desproporcional enquanto Fernanda saia sem se despedir e adormeci.
Quando acordei ainda pingos de suor no chão, abafadura e toda molhadela da cama, agora o trio que me acompanhava em meu solo ocioso de respaldo. Apenas vesti a calça e uma gilete frígida e a velha entrou. Perguntou sobre o copo e a minha coxa rasgada ao talho, já eu, não havia notado quanto sangue havia no colchão e muito menos a coloração combinada do amarelo com o rubro fosco, que abatia a vista nesse frio, numa tarde. A velha colocou-se de quatro, levantou as saias negras revelando uma bunda em forma de Y coalhado, desértico, mas ao mesmo tempo esperançoso. Enchi-me do mais profundo desejo por aquela senhora que lambia a ferida escondendo as pupilas no imo das pálpebras e comecei a dar tapas em suas bochechas rosadas, ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. Os movimentos começaram a formar em minha cabeça numa câmera lenta, comecei a calcular força, precisão e ritmo. Quando cessei, meus pés estavam repletos da mais pura urina, aonde eu visualizava perfeitamente a janela por detrás e a velha cessou os gritos deitando-se no chão, rolando venturosa em sua própria imundice. Vesti-me e cordialmente, me despedi da governanta da pensão e saí a procurar Fernanda em meio a casa.


terça-feira, 14 de novembro de 2006

Amanda

Sempre nos encontramos com a vontade de matar alguém lentamente, bem ternamente. Pois, pensando eu em várias imagens, ainda não sabia como dar cabo a vida de Amanda, aquela que sorria todas as manhãs quando eu me encontrava disposto ou indisposto, cheirando vinagre, procurando o fim da cama, ao urinar todo dia de manhã levando um copinho para exame de rotina, de qualquer modo, deveria ser um jeito que orgulhasse Dona Alva. Agora em minhas mãos tal beldade se dispunha e para meu encanto, podia fazer a minha cabeça funcionar com desenvoltura e sagacidade usando clássicos sem beirar o banal, uma obra típica do classicismo francês em sândis, quadros de abelhas. No mais, preferi não pensar ao deixar alguns objetos preparados, talvez quatro, cinco que fosse, mas a soma algoz de uniões objetos-contextuais deveria porvir da busca de plenitude, certo que sentei Amanda nua em uma cadeira, confortavelmente, enquanto esperava ela acordar do clorofórmio, tratei de pôr o Réquiem de Domenico Cimarosa, pois a perfeição estaria em completar a minha obra quando a música acabasse. Fiz a escolha, cautelosamente e com muito carinho: Um martelo, óleo, um cano oco, pregos, álcool, fita, bola de tênis, uma furadeira, frigideira, arame farpado e colher. Ao que Amanda acordou em vã surpresa, dispus da colher de sopa em minha agora pasta especial e encaixei cuidadosamente em seu olho direito, tentando afundar enquanto ela gritava, mas a cartilagem era extremamente dura, vendo isso comecei a martelar a colher até que fincou inteira, num só movimento, e pude arrancar aquele caroço semi-despedaçado. Era hora da mordaça, não sem antes colocar cuidadosamente uma bola de tênis em sua boca, mas fiquei com medo que ela engasgasse com o sangue e aprontei uma fita com pequenos furos. Seus gritos agora eram abafados, não que precisasse, mas me fazia ter maior concentração. Enchi de álcool o olho arrancado e coloquei de volta na órbita. Contemplei um pouco a cena, liguei minha furadeira, no meu quarto haviam várias tomadas, e comecei a cutucar o umbigo devagarzinho, encostando, tirando, encostando mais forte, tirando, com muita plenitude, e iam soltando pequenos fiapos de carne que dançavam e pairavam pelo ar em um espetáculo peculiar. Cessei a furadeira quando percebi que estava indo longe demais e talvez cometesse óbito próximo, não era hora. Levantei suas pernas encharcadas de sangue, amarrei para cima, e peguei um cano oco enrolado com arame farpado introduzindo-o inteiro em seu cu. Deixei ali, desamarrei a mão esquerda e segurando dela com muita força, fritei numa frigideira até ficar com alguns pedaços com aspecto de um saboroso hambúrguer, onde comi uns nacos e enfiei alguns em seu nariz, depois disso, voltei ao cu, tirei o cano primeiro, segurando para não escapar o arame e depois puxei o arame com força e rapidez. Por fim, era vez do meu último elemento, já haviam passados os principais movimentos de Cimarosa e iniciava-se o Benedictus, peguei um martelo e comecei a pregar lentamente no nariz esquerdo e no direito, martelando ora um, ora outro. Ao chegar até a haste, percebi que ela desmaiara, mas continuava com leve pulsação. Descarreguei o vidro de álcool em seu corpo, agachei de joelhos e fiquei olhando fixo em seus olhos, um fechado, outro quase saltando da órbita, podendo jurar que vi, no meio do movimento final, o Communio (Lux aeterna), sua alma se esvair. Coloquei-me de quatro a apreciei o sabor de todo o sangue no chão, ao levantar, era tudo tão belo, tão lindo que quebrei a obra para satisfazer o ego maldito. Foi que deitei sobre seu corpo ainda quente, penetrei, e olhando fixamente ao único olho aberto, o depositado, gozei quase que instantaneamente sem fazer ao menos um movimento. Levantei, beijei sua testa e fui comunicar a Dona Alva que tudo havia sido demasiadamente perfeito.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Quarta-feira

Acordei como nos outros, com a leve impressão de uma espúria profissional me acautelando no evitar momentos como esse, antes afora percebido, mas como de costume fui até a porta e sentei quase dois palmos abaixo da maçaneta, onde á sua esquerda, uma hortaliça bem defumada tocava levemente minha face em movimentos rotatórios, e ouvi a chuva. Abri a porta, levemente, um pingo breve provindo da fonte inesgotável fluídica, sua perspicácia é evidente ao toque repentino, caiu do telhado. Notável como ele cai debruçado em seu próprio corpo, ora espedaçando-se em meus pés, ora fazendo meu saco mais enrugado com o clima local. Toda a vegetação amarelada, numa oscilação quase cinérea, integrou os ventinhos buliçosos, enquanto fechava-me cada vez mais em meu enclaustro de sapiência, não querendo me entregar á situação. Caminhei vagarosamente da varanda até o parapeito da janela, deslizando o dedo indicador por toda a extensão esquerda da parede de frente da casa e parei ao observar um percevejo multicolorido, radiante, com um verde que refletia meu rosto, extremamente chamativo, talvez até com doses de veneno. Acompanhei seu trajeto onde sobrava de ressalva um rastro luminoso, devia estar ferido, passei o dedo anelar naquela que seria a decorrência da ferida e degustei de seu sabor. Para meu assombro, era delicioso, e não pude me conter, fui passeando minha língua por todo aquele fio verde da janela, chegando até sua origem, o besouro. Num gesto puro não detive minha língua e coloquei-o em minha boca. Enquanto mastigava ouvindo aquele barulho seco mesclado ao barulho da precipitação atmosférica, o caldo, saboroso deslizava entre meus dentes e as patas em agitação misturavam o encanto do saciar com o deleite das cócegas entabocais. Botei a cara numa poça e sorvi de um pouco de água, satisfeito. Adentrei. Logo na sala primeira um carpete sempre, como se me emitisse, quadros de limões verdes com chocolate desenhados, não sei por prensas, não sei por mãos. Observei atento, aos meus olhos sempre soavam inéditos mesmo estando ali desde que eu me encontrava miúdo, fruteira veicula cálida, enfim. Limpei os dentes com os dedos da mão direita e deitei no sofá num gesto ríspido, olhei pro teto cor abóbora, inalei intimamente como se o ar rasgasse nacos secos de um pulmão quase particular aos cupins daquela região. Cruzei os braços, os olhos e sob minha pálpebra dar-se-iam imagens de Fernanda, mas fui arrematado por batidas nas aberturas de princípio, se eu devia fazer mesmo aquilo ou se mais inegável seria masturbar-me defronte á janela principal, quando num desprazer pacífico sentei no sofá e coloquei as mãos em minha testa esquadrinhando o contragolpe.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Meu Caro Ivan

1. O homem andava entre galhos soltos, não sabia se era previsível á memória ou se o vago ambiente o permutava a pensar naquela folha seca que o estralo da terra produzia sobre seus pés.

2. Não era verão, não era inverno, era um dia qualquer.

3. Cada brisa levava ao grão mestre vento, cada cabelo soluçava uma dança no ar e na cabeça a certeza de que perdia a oportunidade do escarro. Sim. O escarro forte, de mentalidade escrófula, de caminhos abertos caída nos fluídos imateriais.

4. Enquanto caminhava, pensava que a estrada é reta, sempre. A estrada torta é a estrada errada. As visões das estradas contorcem as mentes... É sempre a estrada correta o caminho limpo.

5. Carregava um sentido no ombro esquerdo. Não desses sentidos fúteis, ou melhor, se fosse fútil já não o seria para ele o nada era inexistente. Se existe um nada, esse já não é nada.

6. Enquanto caminhava alguém gritou: "Abaixa". Uma peteca provinda do meio do parque acertou sua cabeça.

7. Desmaiou e ventura não era mais aquela inicial em que se encontrava... Estava solene, desperto em diversas viagens pessoais... Retomou a consciência aos poucos, como quem é vomitado do ventre de uma fêmea... Havia luz que se desfez aos poucos e aquela mesma luz já não era luminosa, era um rapaz que perguntava "Está bem, moço?”.

8. Levantou, chacoalhou o cachecol para retirar a poeira e disse: "Estou bem" Seguiu a caminhada e encontrou 4 ninhos de abelhas. O primeiro tinha um chifre e os outros 3 nenhum...

9. Observando aquilo percebeu que as visões começavam a encubar sua mente.

10. O trajeto ainda era estarrecido... Cheiro de fruta. Sim, havia muitas frutas naquele ambiente, umas de tão murchas, vazias, outras somente murchas, mas todas de tão singular beleza que ele parou e pela primeira vez abaixou na terra para beijar-lhe os pés. Estava selado o juramento.

11. A terra sujou-lhe a boca. Os dedos do pé se sujaram com a terra. A terra pegou o sal de sua boca que permaneceria ali, pelo tempo que fosse necessário, pois a andança devia continuar.

12. Chegou a um bairro, afastado da cidade por sinal, aos rumos do norte. Na porta da casa havia um garoto de uns cinco anos, desdentado e com bichas na barriga. O viajante estava cansado, queria dormir. "Amigo, fale com vovô" Nada respondeu, tocou a face do garoto e saiu, a terra tinha outro momento para fechar o acordo.

13. Caiu desmaiado debruçado sobre um esquilo. Esmagou o bicho sem perceber e adormeceu sobre seu sangue. Era quarta-feira e na noite havia um cheiro de morte que até as formigas respeitaram o sono do viajante. No ambiente os sons não cessavam por nenhum instante, alternando-se quando necessário.

14. Acordou e enxergou a mesma luz de outrora, mas desta vez era o sol. Perdeu a visão por alguns segundos, foi abraçado em forma de pancada por uma árvore. Vendo isso, alguns moradores o pegaram no braço e o levaram para um abrigo de indigentes local. O andarilho não era bem quisto ali.

15. Quando no início da sopa da pensão, tremeu-lhe o músculo esquerdo direito, voltou os membros para a mesma direção, embora estivesse semi-desmaiado. Não foi somente a palavra "bem vindo" que o despertou, mas a feição do idoso que em sua frente estava num esboço de quarenta e duas horas acordadas.

16. Seus supercílios caídos em intermináveis jornadas de trabalho, aprovado por si mesmo a paternidade da terra, parecia que a comunicação das ondas do ar era menos do que uma nova demagogia.

17. Não, era fato.

18. Pensando em vender seus bens-matéria e permanecer em alguma filosofia oriental, afastou logo a idéia olhando ao velho. Ele chorava? Estavas defecado? Que fim tinham aquelas mãos frouxas e tristes, levantada em missões pessoais?.

19. No intento de continuar a prática da derrota, ele viu o caos bastardo da desassistência.

20. O idoso pensou no rebote da desculpa e pediu ajuda ao novo habitante oferecendo três moedas de ouro raras. Aquele negou com ar de repúdio, apenas de sobre esbato.

21. Foi manejado que deveria deixar a habitação de manhã, o minoro o nortearia para a cidadela que deveria edificar a sua obra.

sábado, 9 de setembro de 2006

Conto tirado de um sonho do autor, com alguns filtros

A Casa era grande, era uma família grande e de capital grande. Branca, dois andares, churrasqueira, vasto quintal arborizado. Festa. Churrasco. Eu era amigo de um dos irmãos, era músico e estávamos tocando uma cançãozinha qualquer. Cabelos pretos escorridos, branca, lábios grossos, magra, minha idade exatamente. Celina, amiga de infância. Conhecia sua pessoa em desconhecida época. Muito tempo. Estava grávida, barriga á mostra, uns quatro, cinco meses. Sempre tive admiração por ela, sempre achei linda, desejei seu corpo. Cumprimentou-me bem, não consegui esconder a surpresa e uns dos irmãos, o que não era músico, me disse: Não fale nada, não conhecemos o pai.
No dia anterior, estava com uma amiga em um bar lotado. Dois moleques, aproximadamente dezesseis anos cada um, bonézinho, saiam de mesa em mesa olhando para os rostos, procurando pessoas, paravam em umas, paravam em outras. Na minha mesa, um dos moleques: "Segura!" e jogou uma coisa em minha mão. Fiquei constrangido porque estava com uma amiga. Encontrei-os a caminho do banheiro, mandaram me seguir. Estava pronto a devolver, pois não tinha dinheiro e nem estava a fim. Quando abri a carteira, para mostrar a falta de grana, havia mais de trinta reais. Um deles falou: "Olha o cara, trinta reais e não querendo dar dez conto!”.
No churrasco, conversava com o pai daquela família, muito gente boa, muito prestativo. Ele mesmo assava as carnes. Celina me pediu para subir com ela. Cheguei até seu quarto: "Sempre quis fazer isso, você não se lembra?" Tirou a roupa e deitou. Sua barriga sumira. Lambi de seu centro até sua boca e deite-me sobre seu corpo. Não estava acreditando que estava possuindo aquela mulher. Ficamos transando um pouco e descemos. No quintal reparei de novo que estava grávida, saí para lavar o rosto. Ela voltou e mandou subir, pensei: "Agora tenho que possuí-la de verdade." A mesma coisa, toda vez que ela deitava sua barriga sumia, ficava lisinha, torneada. Disse-me: "Você vai poder fazer isso comigo a hora que quiser, o dia que você quiser", perguntei: "Quais homens mais, além de mim, tem esse privilégio?" Não me respondeu. Transamos. Adormeci do seu colo. Acordávamos de tempo em tempo, lembrando da merda que sucederia. Devo ter dormido umas quatro horas, mas acordei mais de trinta vezes. Ouvia da janela seu pai conversando com a mãe, enfurecido. Levantei. Saí primeiro, havia café na mesa, era de manhã. Seus irmãos me cumprimentaram normalmente. Eram dois irmãos e ela.
Seu pai me praguejou, humilhou, mas não falava comigo. Consegui a idéia boa da família aos poucos. Celina: “Dá um pouco a mão, já que estamos de casalzinho mesmo”.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Diálogo

-o que voces querem, queridos alunos?
-queremos tomar chá com o sr, e trocar algumas experiencias.
-e voces querem isso quando?
-pode ser hoje?
-hoje em que horario?
-no horario em que o sr preferir, ou puder.
-não disponho de horario hoje.
-então poderiamos marcar pra amanhã?
-escutem, voces precisam mesmo desta troca de experiencias?
-precisamos.
-podem me explicar o que fazem com esses papeis?
-sim. são cartazes. colaremos por todo predio.
-interessante. e o que dizem os cartazes?
-nada dizem. eram brancos e foram pintados de preto.
-por que os colarão?
-porque são bonitos.
-posso examinar um deles?
-sim.
-não acariciam aos meus sentidos.
-o sr está olhando para a parte de trás do cartaz.
-estou certo que não.
-estamos certos que sim.
-meus jovens, temos uma situação aqui de tal porte que nunca presenciei. me sinto
insultado. Essa é a frente, tenho dito!
- mas senhor, nós desenhamos nessa folha. Essa é a parte de trás!
- Não senhores, terei que comunicar esse fato ao conselho superior.
Conselho superior:
- me diga quantos números vcs vêem nesses cartazes, senhores?
- nenhum, senhor..está só pintado de preto.
- Como podem colar cartazes que não tem números? Os números estão de ponta cabeça?
- Não há numeros senhor.
- Não entendo... Porque então colar esses cartazes?
- precisamos, sr, como o feto precisa do cordão umbilical.
- Fetos? Não seria um espanto de sua infantilidade hostil se manifestando, pregada nessas paredes? querem canetinhas hidrocor também? Além do mais, não acariciam aos meus sentidos.
- Não entendemos, vai disponibilizar canetas?
- É uma onomatopéia! Não sabem figuras de linguagem, rapazes?
- Sr, temos que ir. Ja é tarde e temos que terminar de colar esses papéis até ás seis.
- Pois deixem que eu mesmo colo. Vão-se daqui, agora.
- Dê-nos apenas um então.
- Um? Não. Leve meio. Meio de todos...Tó (Rasgando os papéis ao meio)
- Obrigado Sr.
- E limpem os pés da próxima vez que entrarem aqui.


domingo, 13 de agosto de 2006

Ternos sociais

Frederico comungou durante sete dias com aquele terno. Obeso e infrutifero nosso amigo se encontrava no ambiente retido. Era fruto de ontem, fruto de cedo. Ovelhas presentes na sala, velas acesas, charuto na boca, começou o ritual. "InhanamnháGregoren, InhanamnháGregoren,InhanamnháGregoren" repetidamente durantes vinte e cinco minutos. Ovelhas mortas, velas apagadas, charuto na tigela, terminou o ritual. comungou durante mais sete dias com aquele terno. Parecia não feder. Comprou mais uma caixa de charutos com a carne de ovelha vendida. ás seis horas da manhã completaria trinta e três anos e o ritual completaria. Poderia tirar o terno, depois de deflorar oito moças. Não deflorou nenhuma, tentou mas não conseguiu. Pagou oito putas com suas economias e tentou enganar o destino, não deu. Hoje é pastor da igreja universal do reino de Deus.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Recordaçôes e Salto do Grilo

Não é exatamente um passarinho, essa saudade que me escapa das janelas. Mas é uma pontinha de saudade bem pequena, dolorida... que arde leve. Não me sinto na obrigação de pensar, não sei o certo do que ela é feita, de quais momentos, se houve poucos... Mas é pequena, dói pouquinho, mas ainda assimestá presente nessas coisas que trago em meu peito e que ninguém, nem ao menos eu, pode tirar. Pensando bem, tirei nove na prova, como nunca podera! Que falcatrua social, contendo mais de 40 palitos! Era algo sobre biologia musical, origem mesmo... Como queira, tá aí..nove! Aceitação no próximo semestre, nada... Gosto de lembrar das coisas durante o estalo do fósforo sobre os dedos. As imagens aparecem banificadas, impacientes e somem de novo após o cigarro aceso. Fica a fumaça e o salto. Sim, o filho da puta desse salto. Tirando pestanejo da minha cara, se desmassificando. Ódio certeiro, mas salta e pronto, fazer o quê!

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

De quando as pessoas saem da festa para vomitar e não voltam mais

Fale menos merda e ponha mais agressividade nisso, era a fala do açougueiro ao aprendiz que tentava golpear sem nenhuma precisão um pequeno porco. Olhou em volta, bufou. O relógio estava alto, o sol lá embaixo e as portas fechando. Era dia de passar o dia fora, mas fora chamado a prestar serviços pro açougueiro que fala ao telefone não mais com a voz intimidadora de antes, mas com a certeza de que tanto tempo a realizar o seu trabalho precisava dar uma na sua véia, assistir o jogo, beber, arrotar e dormir. Então falava com calma e docilmente ao freguês que ao outro lado se espairecia. “Vá, moleque, sai que eu fecho isso aqui.” Pendurou o casaco e ao sair foi que se lembrou do pedido, voltou, acertou o porco no pescoço e deixou o facão ali mesmo encravado.Não penso mais em desculpas medíocres, não penso mais em pensar nas aflições de um babaca alheio, no caso, eu. A maior perda da minha vida foi não ter perdido nada. Tudo estático. Celebravelmente, desculpe os neologismos práticos, pomposo. Preciso de sangue, preciso de um pulmão novo. Preciso parar de pensar nessas pulmonazes frequentes. O açougueiro resistiu aos ferimentos e rebolava histéricamente no moedor de carne... como ele achava gostoso. A dor de depois não existia, era futura. O aprendiz saiu em recesso, querendo um trajeto seguro. Não haviam escadas para ocultar o toicinho. Geometricamente, os toicinhos são derivados, perdoe a intromissão inconsciente.Quanto trabalho. Matar porcos para serem sevidos. Antes fossem servidos por putas nobres, aquelas de espartilho, de lenço no pescoço e boca encaixável. Mas não, são nos dados aqueles restos mortais, frescos ainda, por um barbado porco, geralmente escroto, de avental branco sujo a sangue. "Fala senhoria! Quanto de panceta?"Vou pra casa e preparo aquela merda em um ritual profundamente quieto. O tac do relógio tinindo, quase estrapiando minhas zoreba. "Beleza, não inverterei sinais, seu relógio maldito!" e cedo ao barulho do bendito.Faz muito tempo. Muito tempo.Você pega um objeto. Simples, sem encaixes... maciço. Joga em um espaço... o primeiro que tiver perto, joga e observa. De longe, fica observando se alguém o encontra, acha não merecido o objeto, pega de volta, guarda no bolso. Depois de um tempo vem e fala ao açougueiro... "Pensando bem... Hoje vou de alcatra!" Como se naquele momento você se tornasse um rebelde comunista dos anos 70. Que ridículo... Somamente ridículo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Fabuleta

Num desses dias de sol que arde os lombos, um abutre e um corvo disputavam a carcaça de um gato atropelado.
- Olha só, corvinho, como a natureza é justa. Sou maior. Acabo com você em menos de um minuto e além do mais, preciso de mais carne pra sobreviver...vá caçar uma lesma.
- Para isso existem os jogos! – disse o corvo
- Jogos?
- Isso, onde a lei do estômago e da força não entra apenas a da sorte e infortúnio.
- Quer então travar um jogo comigo? – disse o abutre, pasmo. – E o quê eu ganharia com isto? Basta abocanhar-lhe e pôr fim nesta disputa. Vejo só você levando vantagem se caso eu aceite.
- Não enxergo deste modo, caro Abutre, ira vencer-me ao mesmo tempo no intelecto. Nada mais pode fazer tão bem ao ego quanto isso!
- Qual é seu jogo, no caso eu aceite?
- Simples. Ambos temos garras nos pés... A gente pega um ovo de galinha quase chocho. Aquele que esmigalhá-lo ganha a disputa.
- Como não envolve força? – disse o Abutre estupefato.
- Temos que acertar o ovo com uma pedra. A dezenove asas de distância proporcional ao tamanho de cada um. Deve ser partido de forma que a gema não desmanche. Quem conseguir ganha o gato.
- Acho essa proeza de certa forma, impossível.
- E mais... deve ser ao meu comando!
- Aceito – disse o Abutre pensando que mesmo perdendo podia matar o corvo e apropriar-se do gato morto.
- Aqui está... você começa abutre.
O abutre ficou a dezenove asas de distância do gato e esperou o sinal do corvo. “Vai!” Durante o lançamento, um caminhão veio de encontro com o abutre, atropelando-o.
- Vamos lá, moçada – disse o corvo para os companheiros atrás do barranco – que tem gato e abutre pro jantar!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

A bola

Carmen, que devia se chamar Maria, mãe de cinco filhos, todos homens, se o mais novo vendia balas no faro, o do meio nada fazia, pois tinha uma deformação nas mãos de nascença e ou outros trabalhavam de empacotadores em uma loja de grande chamativa no herto da cidade. Devido ao favor que Carmen prestara ao gerente, periodicamente, os filhos não podiam ser despedidos, esse era o acordo, sim, embuxada de novo, de pai desconhecido, era conhecida no local na venda de balas, profissão que passara ao filho mais novo, no semáforo da Avenida Reles Pombo com a Heitor Penteado. Era amiga de poucas em seus adornativísticos cabelos crespos amarelados com raízes negras de cerca de três centímetros, nariz grande (de três lados iguais), fisionomia afetada pelo sol e braços avantajados que mais lembrava uma regurgitada bronca de Cândido Portinari, e seu barraco, azulado do lado esquerdo e negro do lado direito, era formado com os restos de uma construção da vila ao lado.
Era quase meio-dia. João, o filho do meio, estava sentado em um banquinho á porta (mais um buraco do que uma porta) e olhava a rua parecendo procurar alguém “Vem moleque, vem ajudar sua mãe que tá prenha a arrumar a casa, depois nóis almoça que seu irmãozinho já tá vino” “Péra mãe, tô esperando alguém.” A casa ficava na Favela do Chupasco, sendo necessário que os outros três irmãos pegassem duas conduções até o centro. João avistou o amigo Neguinho que chegava com dois amigos e uma bola embaixo do braço esquerdo “Fala aí, Torto (Esse era o apelido de João). Hoje é o dia” “É o dia” e saíram depressa para Carmen não ver.
O campo, que era um terreno próximo da favela, era conhecido pelos moleques. Ali havia uma hierarquia provinda da idade dos usuários do campinho. Uma turma só podia tirar João Torto e seus amigos dali, o que os punha em segundo lugar nesse jogo de poder. Os moleques (todos com aproximadamente oito anos) que jogavam avistaram Neguinho, pegaram à bola e saíram dali. Sentaram no meio da grama e esperaram. Fósforo chegou. “Fala aí, Fósforo” “Manda. Hoje é o dia” “Um por um, conforme combinado”. E começaram a partida. Nome dos times: Time do Fósforo e Time do Neguinho, só isso, cada um com quatro integrantes. Um moleque, sem camisa e magrelo de óculos de aro preto e lentes grossas, que antes jogava, começou a narrar para os amigos sentados, formando assim uma platéia pelos antes jogadores: “Vacilo no ataque, dibra Fósfuru, passa a cabeça, segue... passou... Óia Furunco chegando de lado, passou, passou, chuta com reiva passa reto... Torto tomô a bola, balança as mãos virada. Segue..passa.. Vacilo retoma, Fósforo não..saiu..Aí...golero preocupante.. nossa...caiu. Vai dar treta.”
- Torto, caralho!
- Foi mal.
- Nossa... machucô?
- Não... Furunco, pênalti?
- Vai.
O moleque retoma: “Vacilo vai cobrar. A lá. Faz pressão, coça o cotovelo..Olha pro golero Biba...Goleiro Biba olha pro vacilo. Hu...prá fora...”
- Vacilou, vacilo! A bola foi. Desceu o barranco...
- Torto, vai lá buscar.
- Porque eu? Eu num chutei.
- Pô, vai lá.
“ Torto foi buscar a bola. Tensão. Parece que Vacilo inda discuti com Fósforo. Tensão no campo.”
- Pô, cadê o Feio (Torto também era chamado assim) com a bola?
- Furunco, vai ver lá.
- Vô
“Parece Furunco vai atrás de Torto. Voltou...”
- O Torto não ta lá não. Nem ele nem a bola.
- Ta brincando.
- Não, é sério.
Ocorre neste momento uma deslocada geral até o lugar onde caiu a bola (visto que o campo fica em um barranco). “Desce com calma. Fica lá em cima mulecada. Vai” “Nossa... o Torto sumiu. “Deve ter desistido do jogo e sumiu com a bola ainda”! “Ganhamos então” “Ganharam nada Biba, vamos na casa dele ver.”
Casa do João:
“João, João!” “Quié?” “Oi, Dona Carmen” “O jão táí?” “Não, João fugiu aquele safado. Ia me ajudar a arrua a casa qui tô prenha. Achei que tava jogano cusseis” “Tava, a bola caiu atras do campinho. Ele foi buscar e sumiu.” “Daqui a pouco aparece aqui então, aquele safado. Quando vié aviso oscêis” “Falô, Dona Carmen”
Seis e meia. Os três filhos chegaram (o mais novo havia chego há duas horas). “Mãe, cadê o mano?” “Num vortô ainda. Devi di ta farreano” “Foi jantá aonde?” “Na casa do Neguinho” – disse o mais novo “Dexe disso, menino. Desde quando João janta lá?”
Houve silêncio na casa e á noite, deitada na cama, Carmen chorou. Amanheceu e como de costume, os irmãos do trabalho fixo já tinham saído bem antes do sol mostrar sua cor. Carmen levantou ás sete e foi até a frente de casa. Observou o movimento e decidiu dar queixa na polícia. “Desde quando polícia resorve, mãe!” Deu uma volta na favela, passou pela casa de alguns amigos de João e seguiu para o campinho. Chegando lá dialogou com os meninos que jogavam por ali. Deviam ser do sexto escalão da hierarquia do campo, resumindo, de informaçôes nada valia a presença e o deslocamento da mesma. Voltou prá casa e crente do saldo de uma manhã e uma tarde de esperas e tensões.
Cinco dias se passaram e na casa dos empacotadores, sua mãe e o pequeno vendedor de farol, o garoto de pequenas mãos curvas para trás não apareceu. A notícia que esperavam era sobre o corpo, sendo que já o tinham como presunto. Vale a pena aqui lembrar quem é o João de quem falamos: João nasceu, seu pai tinha sumido após espancar a mãe por motivo desconhecido. Pois bem, foi o último da linhagem Pai-Carmen, se assim podemos dizer, e outros três (incluindo o na barriga) são meio-irmãos. Carmen, que devia se chamar Maria, tem um apreço muito grande por este filho, dizem que a pena é o sentimento mais próximo do amor, por ter nascido defeituoso, sem poder mexer um só dedo, em que a palma fica sempre com a pele toda retorcida, enrrugada e curvada para trás. Há também uma feiura singular no rosto do garoto. O nariz, extremamente avantajado, expandido para os lados, possue perebas, que assemelham em cor e textura, com as do rosto. Enfim, o menino mais propício á chacotas da região. De repente, os boatos brotaram como casas em terreno não apropriado naquela favela. Uns diziam que tinha sido morto pela polícia, uns por traficantes, aqueles que tinha fugido de casa e houve até quem falasse que foi contratado pelo Palmeiras. Mas o mais novo, certo almoço, disse algo digno de um Espinoza: “Achando a bola, a gente acha ele.” Gênio. Uma bola no meio da cidade de São Paulo resumia a existência do irmão, da ossada aparecida que fosse, mas nada, apenas a bola.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

De todos os trajetos prostitutos só areia guardei em meus sapatos

Mais uma vez aqui sentado tentando colocar palavras em lugares errados, mas ouvi uma vez que a prosa é uma página em branco sobre a qual podemos cagar. Pensamentos como estes me levam até Mirela. Mirela sim, era boa de chupeta. Lembro-me que em 76, ou melhor, 77, ou inicio de 77, não sei ao certo, fazia viagens constantes ao Paraguai com dois amigos da empresa. Ali havia os presentes ideais, sem revenda, tudo para consumo do pessoal. Aqueles tempos, sem preocupação de camisinha, sem muita fronteira, bigode á vontade. Hoje sou aposentado. Jogo Tênis com um ex-companheiro de firma e digo que amo minha mulher. Minha Mulher, Agenélia. Como era bela, agora é uma gorda que bebe o dia inteiro. A gorda vive com raiva na sala e grita com meu filho de dezoito anos. Em verdade, eu tenho vergonha. Vergonha de ter nascido um idiota por completo. Ter vivido um idiota por completo. Ter feito boas ações, ter tentado fazer as coisas certas, ter saído com poucas putas. Hoje escrevo nas horas vagas. Quando não paro para coçar o saco até criar feridas feias.
Podia citar quinze nomes, mas dariam muito trabalho. Muito trabalho. Idiotices, mediocridades e perdições. No meio disso tudo, música! Como se um teatro se abrisse e uma ligação feminina se resumisse em dizer que não me acha no endereço especificado, sabe, uma espécie de liga. Imaginária, claro. Voltemos a Mirela, a boa. O grito que ele dava no quarto, quando era fim de semana na praia, quando era dia suficiente, chamava a atenção dos chalés ao lado. Na cidade de encontro, do dia branco, comprávamos sapatos para podermos jogar ao mar com nossas preces. Era esta década de setenta em que a repressão não se mostrava, mas existia em excesso. Jovens falam dela em excesso e não ouvem seus pais que viveram nessa época. Mirela dizem estar trabalhando de vendedora em uma loja, nunca mais a vi, não quero ver. Mais deve ter casado? Lembra de mim? Quantas perguntas estúpidas...
Bom, continuando. Estávamos em 77, ou próximo disso... Alugávamos uma casa no litoral para nos encontrarmos. Eu da Vila Mariana, ela de Perdizes, tudo em seu respectivo lugar. Dizia que ia passar o fim de semana com uma amiga na praia. Ás vezes ela atendia o telefone e eu estava agachado com a cara em suas carnes enquanto a safada falava com os pais. Bons tempos. Hoje tenho cirrose. Hoje minha mulher me xinga. Mas em 77..bom, acho que foi em 77...Você acha? Reclamar do arroz que eu fiz? Aquela gorda senta com sua bunda gorda, me olha com a cara gorda, me xinga com a boca gorda e ainda reclama do arroz que eu fiz... Mas Mirela, bem, voltemos a Mirela...
Bom, continuando... Mirela tinha os cabelos loiros cacheados e era muito magra. Podia levantá-la pela cintura e carregar até o mar enquanto batia suas frágeis e macias mãos em meus ombros. Seu sorriso era franco e às vezes infantil até por demais. Olhava primeiro nos meus olhos, depois descia o olhar até a virilha (onde a mão cuidadosamente já havia se apossado) e voltava o olhar para mim, naquele calor..naquela época...naquele vento... Peraí, minha mulher me chamou pra dar comida pro Frog. Ha. O Frog é nosso cachorro de estimação. Ele é cego de um olho e não anda direito. Ele é meio velhinho, sabe?
Voltei. Continuando... Fazíamos janta sempre nesses dias. Almoço não dava tempo, acordávamos muito tarde e passávamos a foder até umas cinco da tarde quando nos banhávamos. As jantas eram sempre coisas rápidas, feitas sem pressa, mas rápidas. A noite era a melhor parte, passear naquela cidadezinha, ir pro motel “Sereia Serena” (Um muquifo, onde nos intervalos da transa era necessário acertar as baratas com o chinelo). Tudo era muito belo. Tudo era muito lindo. Morava com os tios e o carro era sempre liberado. Já tinha trinta e poucos anos, Mirela dezessete, mas era como se eu tivesse vinte. Anos deliciosos. Ontem consertei o telhado. Agenélia ficou embaixo dando palpites. A vontade era de tacar uma calha na cabeça da maldita, mas ouvi, como sempre.
Bom, vou parando por aqui. Tenho que fazer janta pra minha mulher e filho. Sabe como é, escritor de horas vagas, escrevo sempre que termino a faxina da sala, é um costume...

domingo, 5 de fevereiro de 2006

O bispo

É certo que por toda Inglaterra se ouvia falar no bispo Wash. Esse era seu apelido carinhoso, falado nos túneis que ligavam o mosteiro ao convento. A Madre Superiora confeccionara de pronto. O bispo Wash possuía muitos inimigos, embora fosse tão popular, e pelas ruas de Londres havia um em especial. Um mendigo cego e leproso, que jurava ser Deus, gritava com muita raiva sempre que o Bispo passava. “Não sou seu pai, maldito” Retrucava o bispo. “Pois poderia bem ser, padre escroto.” “Não sou padre, sou bispo” e atirava um rolo de cuspe na caneca do mendigo. Este então passava o pão amassado que carregava no bolso na caneca e o comia dizendo: “Essa é a prova de um Deus único, Bispo.”
Numa das suas seções em um dos túneis, o bispo ouviu um grito. O mendigo veio correndo em sua direção e golpeou o sacerdote na face que deitou no chão sem um olho. O mendigo arrancou o olho que estava grudado na foice e pôs dentro do pão. Comeu, arrotou e cuspiu. Foi condenado á morte no dia seguinte e houve muita festa.

A Torre

- Há anos tento construir uma torre em nossa residência de verão, meu filho. Quando seu pai morrer avise vossa mãe que ela poderá vender a um fidalgo qualquer que a desejar possuir.
- Ó papai, como tu és belo e justo.
- Obrigado. Vamos tomar café agora.
Nisso passava um velho careca com sardas pelo rosto inteiro e que ouviu a conversa. Olhando as nádegas do menino gritou:
- Com uma borda dessas, faço haver tua torre.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
- Obrigado. Venha tomar café com a gente.
Nisso passava uma velha careca com sardas pelo rosto inteiro e que ouviu a conversa. Olhando as nádegas do menino gritou:
- Faço haver também tua torre com uma borda destas.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
Passou desta vez um mocó que surrava o intestino, sangrava pelas narinas, corroído pela lepra e cuspia os dentes enquanto falava:
- Faço haver também tua torre com uma borda destas.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
A torre, de pronta, foi construída por cerca de quinhentos homens e uma velha, e se via por toda a região.

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

O objeto

Debruçado sobre ele em madrugadas. Em movimentos, em trajetos de curto espaço de memória ainda me calo. Ainda me calo quando o assunto é ele. Fugiu, piscou, desapareceu. O objeto principal da sala. Se aparecem três policiais na porta, um em especial, então. A minha vida às vezes se resume em sentar, acender o cigarro, deixar a sala cheirando, a fome voltando, a morte esperando, as fezes crescendo, o idiota rolando. A ligação em término se concretizara com um corte de placar dezessete mil novessentos e quarenta e seis contra doze. O doze era culpado. Era culpado. Hei, você é culpado. Eu sei, tá bom, eu sou. Eu sei. A questão de promover o placar, de fazê-lo ser feito, de tentar realizá-lo. Adorar o empate, permanece a mesma idéia, mas sem a aprovação característica. Entendo as dificuldades, mas não percebo as causas aparentes. O desejo. Talvez. Hein, seria o desejo? Não, ás vezes não dá pra acreditar no que é falado. Uma contradição emocional seguida da outra. Termino da sexta seção.
Não existem mais culpas. Eu nunca vi acontecer e não foi por falta de tentativas. Nada me pareceu tão agressivo e medíocre em toda a minha vida. Nada. Apenas frases dispostas de um jeito que originou repulsa. Deixo pra quem tentar, quero distância. Edouard Lalo faria melhor.Saint-Säens faria melhor e Berlioz então, nem se fale. Melhor que os outros dois. O objeto principal da sala, os elementos e a culpa. Tudo fez parte de um caleidoscópio crítico e sincero que me deixou embrutecido. Deveria tratar melhor a cabeça. Tive um professor no colegial que dizia que eu devia tentar o celibato. Coitado, botei fé. Mataria de desgosto o primeiro mestre, tamanha minha explosão egocêntrica. Mas devo esquecer, concentrar-me nos monstros japoneses atrás de mim. O trabalho. A única salvação é a transformação do trabalho. Escrever, pintar, carregar bugigangas do Paraguai, sabe-se lá. Qualquer coisa que fizer, fazer até desgastar a cabeça do cacete. Trabalho, de péssima qualidade, mas trabalho. Às vezes penso se não pode ser uma desculpa. Ler. Ler ajuda. De algum jeito o objeto me ajuda. Reverência e capricho. E o ridículo fato de pedir um bombardeamento de vida ás duas da manhã olhando pro lado, deitado na cama? Maldito caminho. Maldita condição. Falta mais amor e perdão. Agora sim, desencana. Birra e trajeto. Tchau. Beijos.Comunicação? Esquece. Trabalho.

sábado, 14 de janeiro de 2006

Lola

Estou com saudade, Lola. Estou com saudades. A porra das bitucas fedendo o quarto. A merda dos pensamentos e as mesmas frases. A falta de segurança emocional, o desejo de te ver todo minuto, pois você é a única coisa nova de todo o velho. Mostrou o mundo de utopia. A noite, as moradias, os semelhantes, o jantar feito por cinco pessoas de vinte e três anos na média. A cerveja depois disso, a amizade sem compromisso, o apartamento... Tudo isso exala você. Sabor de sonho. Não sei se me remete a essa idéia ou participa dela. Depois de uma chapada de vários elementos distintos, por várias vias, entrar no quarto ás seis horas da manhã quase não conseguindo andar, me controlando para não vomitar e você lá. Deitada na cama com um pequeno espaço minúsculo para eu poder me deitar. E deito. E você acorda e me abraça. E você me beija. E você dorme. E você acorda de novo. E eu durmo. E você dorme. E nós acordamos uma hora depois e transamos. Mesmo com outra pessoa dormindo no quarto. E tomamos banho e dormimos, e deitamos e você com minha camiseta suja de anteontem e você vai embora ás cinco da tarde e esquece os óculos. Você almoça. Você me chama de “lindinho” só pra encher o saco. Você. Você. Você acentua meus defeitos, você me mostra o quanto sou burro, você diz que gosta muito de mim, mas não diz que ama embora dissesse há um tempo. A gente fica um tempo sem se ver. Se vê de novo e você chora. E eu choro. E vou embora. Ando três quarteirões, volto, choramos e tudo fica bem como se fosse máscara forçada. Mas eu não sei. O sabor, o momento, A raiva e inveja que sinto com sua liberdade e intelecto. E a sua naturalidade e o seu desejo. Estou com saudade, Lola. Estou com saudade, Lola. Você chegava a casa nos mesmos dias, ás vezes um dia antes, ficava dois fins de semana, ficava um dia só, mas ficava. Diz estarmos juntos, diz estarmos indiferentes, diz não saber, critica, maltrata, ama, geme. Impede de eu tomar banho contigo e depois toma dois, impede de eu lhe comer, me beija forte, me beija fraco, aperta no corpo, aperta no colo, deita entre minhas pernas enquanto conversa com o amigo gay. Liga tarde. Liga cedo. Não sei mais de nada Lola, não sei mais de nada. Nada. Eu tenho medo. Você dizia ter medo, não dizia ser certo. E ficávamos bêbados juntos comendo brigadeiro temperado, aditivado. E não conseguíamos olhar uns pros outros de tão chapados que estávamos, porque a história era estranha. É estranha. E eu te conheci enquanto dormia. Quase dois anos antes, quando você me acordou com um amigo meu para irmos a uma festa. E eu te olhei. Soube que gostava de Piazzola e eu te desejei. E fomos em dois grupos. E eu te desejei, você ficou com um cara depois de duas horas que eu não tomei a iniciativa e o beijou freneticamente, amassou, empurrou, lambeu. E hoje estamos aqui, ali, comemos lasanha juntos e você diz que gosta muito de mim depois de um mês sem nos vermos. Mas fala isso depois de umas doze horas juntos. Estou com saudade, Lola. Estou com muita saudade.

domingo, 8 de janeiro de 2006

O anão e o palhaço Faustino

Sentado na cama, o palhaço Faustino punha munição em sua arma com o cigarro apagado na boca. Tremendo a mão deixou cair duas balas. Apanhou-as de volta, colocou-as e apontou para o anão pelado arrancado á força do banho. Estavam dentro do trailer do Circo Mascavo.
- Eu vou te matar, anão desgraçado. Vou te matar.
- Fausto, somos amigos á quase trinta anos, não faça isso.
- Amigos? Não me fale essa palavra. Ajoelha. Ajoelha. Quero acertar sua cabeça, filho da puta. Vai, ajoelha.
- calma... Pronto ajoelhei, não faça nenhuma besteira.
- Besteira? Besteira é o que fez comigo, filho da puta. Filho da puta. Quase trinta anos de circo, seu filho da puta. Quase trinta anos!
- Desculpa, Fausto. Desculpe.
- Desculpa? Fausto não. Palhaço Faustino.
- Desculpe, palhaço Faustino.
- Porque fez isso, seu desgraçado? Confiava em você. (deu dois chutes no estômago do anão)
- Calma, Fausto.
- Calma o caralho. (pow, tiro na perna esquerda)
- Ahhhhh.....
(pow, tiro na perna direita)
- Howwwww....
(pow, tiro no ombro direito)
- Gréééé.....
O palhaço pegou a mão direita do anão “Essa mão, que me aprontou... toma.” Deu um tiro nela.
- Huuuu.....
Acendeu o cigarro, abriu a geladeira enquanto o amigo agonizava no chão e pegou duas cervejas. “Toma” Deu uma pro anão. Propôs o brinde, mas o anão cuspiu em seu rosto. “Filho da puta” E chutou o anão na barriga, quando ouviu alguém bater na porta. “Fica quieto, anão desgraçado. Quem pode ter vindo bisbilhotar?” Abriu lentamente e porta e viu Cirilo, o domador de leões acompanhado de metade do circo. “Está tudo bem aí? Ouvimos tiros” “Pow” Deu um tiro na cabeça do domador e entrou. Espanto do povo que saiu correndo. ”Tá vivo ainda, seu filho da puta?” O anão tomava cerveja e chorava sentado em uma poça de sangue. “Virão atrás de você.” O palhaço pegou na mão direita baleada e apertou, gritou no meio do grito “Anão desgraçado, morre!” “Quantos sermões já ouvi de você, palhaço! Quanto coisa aturei pra acabar sendo morto! Posso mijar?” “Mijar, anão desgraçado? Se você conseguir se levantar, pode.” E o anão mijou sentado. “Vou morrer pelado e mijado!” (Íon) Merda. A polícia. Enfiou a cabeça pela porta: “Tenho um refém” Voltou, abriu a geladeira e pegou mais duas cervejas. “Obrigado” “Porque fez isso comigo, anão desgraçado?”, “sabe muito bem que meu nome é Astolfo. Obrigado por me chamar de anão desgraçado na hora da minha morte!” “Toma!” Pow. Um tiro do lado da barriga. “haaaaa!” Os policiais ficaram atentos ao que podia estar acontecendo lá dentro.
- Veja, acabou a munição. Mas eu sou um palhaço precavido, sou, sim senhor, tenho mais quatro balas.
- Pra que mais quatro balas? Vai enfrentar a polícia? Eu já estou morto, mesmo. Questão de tempo. – disse o anão cuspindo sangue.
Toma. “Pow.” Deu um tiro no dedão do pé do anão.
- Anão desgraçado. Morre!
Enfiou a cabeça na janela:
- Vou me entregar, mas quero um padre!
- Quantas pessoas estão com você? Estão mortas, feridas? – um policial gritou.
- Tem três pessoas comigo. Uma está morta, as outras intactas. Traga o padre.
- Calma, vamos providenciar.
“Tá vivo ainda, anão desgraçado traidor?” “Não agüento mais de dor.” O palhaço foi até o espelho e removeu a maquiagem e o nariz de plástico.
- O padre chegou! – Gritaram de fora.
- Tragam ele aqui.
“Olá padre.” “Meu Deus. Esse pobre rapaz! Você o matou! Cadê os outros dois reféns?” “Não existem outros dois reféns e ele não está morto!” “Por enquanto, não estou.”
- Fala, meu filho, por que me chamou?
- Abençoe esse anão maldito, não quero que ele vá pro inferno. Foi um grande amigo meu.
- E você? Acho que é quem mais precisa.
- Não fiz mais do que o certo, padre calhorda. Faça isso agora mesmo.
E fez. Toda a cerimônia pro palhaço que chorou. “Obrigado padre, obrigado.” E deu um tiro na testa do padre que abriu um buraco na parede. Descarregou a arma no anão já morto, saiu, foi algemado e voltou pro circo treze anos depois.

terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Entrevista com o dramaturgo Joventino Salgado.

(Trechos baseados na gravação em áudio de 12/09/2005, no edifício Bento Cardoso, residência do autor em São Paulo)


R.B. – Joventino Salgado, doutor em literatura e renomado dramaturgo, quando finalmente irá parar de escrever?
J.S. - Quando esgotar a insensatez de escrever que tenho, não irei escrever mais. Por enquanto, me agrada.
R.B – Seus filhos freqüentam o colégio?
J.S. – Freqüentam por opção. (risos)
R.B. – Você se considera pomposo?
J.S. – Já fui de muito pomposo nesta vida. Acho que ainda o sou. A pompa tem seu valor poético e humano. Minha mediocridade, verossímil e ao mesmo tempo bucólica, de origem paternal baseada nas leis do Karma, comprova isso.
R.B. – Você escreve peças de Teatro, mas iniciou sua carreira como critico literário. O que tirou de proveito para seu trabalho?
J.S. – Nada e um pouco de tudo. (risos)
R.B. – Como assim? (risos)
J.S. – Assim, oras. (risos)
R.B. – O que acha da obra de Sidney Magal que escreveu uma música inspirado em uma peça de sua autoria?
J.S. – Desculpe, não sei do que está falando.
R.B. - Sobre a peça “Desafios de Carmem não vistos por Bizet” estreada em julho do ano passado.
J.S. – Não sabia disso (pigarreia).
R.B. – Qual é sua comida preferida?
J.S. – Risoto de frango.
R.B. – Você foi visto fazendo o popular “bundão” (abaixar as calças e exibir as nádegas) e gritando encima de um fusca no meio da paulista ás três da manha do dia 17 de junho de 2002. Foi um golpe publicitário para sua peça que iria estrear no dia seguinte?
J.S. – Não. Não me lembro bem desse dia, mas sei que não foi essa a idéia.
R.B. – Você possui animais de estimação?
J.S. – Um cachorro de nome “Filo”
R.B. – Existe a possibilidade de uma adaptação da sua peça “Saiu correndo ou pulou da cama?” para um seriado de TV. O que acha sobre isso?
J.S. – Tomara que de certo, só espero que a adaptação seja também genial, digo, seja fiel.
R.B. – (risos) Você costuma consultar a internet?
J.S. – Não.
R.B. – O que acha da rede de computadores?
J.S. – Finjo que não existe. Me sinto melhor.
R.B. – porque?
J.S. – Para não saber que existem tantas pessoas solitárias.
R.B. – Você é solitário?
J.S. – Apenas no sexo (risos)
R.B. – Como assim?
J.S. – Nós estamos nos comunicando?
R.B. – Sim.
J.S. – Como sabe?
R.B. – Bom, eu sei q...
J.S. (interrompendo) – Eu acho que ninguém na Terra se comunica. A uns cem anos, pelo menos. Com licença, terei que convida-lo a se retirar.
R.B. – (risos) Brincadeira, claro..
J.S. – Filo, Filo, pega... pega...