sábado, 26 de maio de 2007

Marinho e Mamãe

Marinho tinha tanta preguiça que casou com uma mulher grávida de três meses. Quando bebê foi internado, não mamava. Mamou depois de velho, aos quatro anos, o que causava certa conturbada disenteria estomacal para delírio da mãe e crescendo virou escritor de romances populares vendidos a três e cinqüenta nas bancas de cidades do interior e algumas pequenas da capital. Agora senta com o jornal na varanda da frente e lê as paginas de esportes durante quase todo o dia. Abre uma cerveja quente. Observa a rua. Mesmo com ancas passando rebolativas, convidando, não gosta de esculturas, nem jazz ou música clássica, um bom axé é o suficiente. Via novelas, agora assiste condições da vizinhança, de certo, um dia apareceu, e nele uma mulher na porta de sua casa, procurando emprego de doméstica. Rugas na cara, gorda, barriga saltando da camisa, maquiagem borrada, suor nas axilas, mas era moça mesmo aparentendo ter 30 anos a mais. Marinho pensa que nunca vai conseguir parar de gritar e surrar palavras ás alturas, pois gosta de fazer isso de manhã, quando o tempo ainda deixa. Abriu uma exceção quando reconheceu a mulher, era a antiga namorada do colégio interno, aliás amiga de todas da região, era carente, por isso boa, mas trepava com qualquer um que tivesse alguma oferta barata ou simplesmente falava. Seu apelido era “Mamãe”, malhava palavras toscas, falava mal, mas tinha algo indescritível que chamava a atenção de qualquer ser que passasse ou que em algum momento da vida surrasse qualquer inergumidade que fosse. Abraçou-a e convidou para uma cerveja quente também. Sua mulher bem a serviu, era realmente muito feia.
"Pois é Marinho, agora dei de doméstica, emprego tá dificíl"
" Já tentou na delegacia local?"
"Já, não contratam mulheres muito fortes como eu por lá"
"entendo."
As cervejas cessaram quando o jogo começou, "Mamãe" quis ficar para assísti-lo, talvez mais cervejas, disse Marinho á mulher. Compras e os dois a sós.
"Marinho, lembra quando a gente namorava?" - Marinho franziu a testa e lambeu os dentes superiores. - "Lembro, Mamãe. Algo precisamente?"
"Sim, qual era a coisa que eu mais gostava?"
"Mulher?"
"Não, bobo, digo, que você fazia comigo"
"Hum... lamber suas axilas? Me masturbar com elas?"
"Bobo, você sabe... esses dias deu uma saudade."
Marinho levantou e foi até a cozinha, pegou detergente; Com cautela, voltou escondendo-o e prostando-se frente a ela, deu pequenas jorradas, compassadas até, na cara da velha dizendo
"Saia daqui, Bunda plasma"
"Ai Marinho, mas.. foi só um comentário..."
"Certo.. desculpe"
Duas horas depois voltava a mulher de Marinho, aquele que comia quietinho, pôs as sacolas na mesa e estranhando não ver ninguém começou a rodear a casa, em estimável cautela. O chuveiro estava ligado. A imagem que se formava pelas sombras da cortina era indefinível. Um ser com vários membros e corpo gigantesco e desproporcional. Abriu a cortina de uma vez e viu Marinho ajoelhado, com a cabeça inteira enterrada nas carnes vaginais da gorda, com um fio de sangue no pescoço ainda á mostra.
"O quê é isso?"
"É o estilo mamãe, minha filha"