domingo, 13 de agosto de 2006

Ternos sociais

Frederico comungou durante sete dias com aquele terno. Obeso e infrutifero nosso amigo se encontrava no ambiente retido. Era fruto de ontem, fruto de cedo. Ovelhas presentes na sala, velas acesas, charuto na boca, começou o ritual. "InhanamnháGregoren, InhanamnháGregoren,InhanamnháGregoren" repetidamente durantes vinte e cinco minutos. Ovelhas mortas, velas apagadas, charuto na tigela, terminou o ritual. comungou durante mais sete dias com aquele terno. Parecia não feder. Comprou mais uma caixa de charutos com a carne de ovelha vendida. ás seis horas da manhã completaria trinta e três anos e o ritual completaria. Poderia tirar o terno, depois de deflorar oito moças. Não deflorou nenhuma, tentou mas não conseguiu. Pagou oito putas com suas economias e tentou enganar o destino, não deu. Hoje é pastor da igreja universal do reino de Deus.

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

Recordaçôes e Salto do Grilo

Não é exatamente um passarinho, essa saudade que me escapa das janelas. Mas é uma pontinha de saudade bem pequena, dolorida... que arde leve. Não me sinto na obrigação de pensar, não sei o certo do que ela é feita, de quais momentos, se houve poucos... Mas é pequena, dói pouquinho, mas ainda assimestá presente nessas coisas que trago em meu peito e que ninguém, nem ao menos eu, pode tirar. Pensando bem, tirei nove na prova, como nunca podera! Que falcatrua social, contendo mais de 40 palitos! Era algo sobre biologia musical, origem mesmo... Como queira, tá aí..nove! Aceitação no próximo semestre, nada... Gosto de lembrar das coisas durante o estalo do fósforo sobre os dedos. As imagens aparecem banificadas, impacientes e somem de novo após o cigarro aceso. Fica a fumaça e o salto. Sim, o filho da puta desse salto. Tirando pestanejo da minha cara, se desmassificando. Ódio certeiro, mas salta e pronto, fazer o quê!

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

De quando as pessoas saem da festa para vomitar e não voltam mais

Fale menos merda e ponha mais agressividade nisso, era a fala do açougueiro ao aprendiz que tentava golpear sem nenhuma precisão um pequeno porco. Olhou em volta, bufou. O relógio estava alto, o sol lá embaixo e as portas fechando. Era dia de passar o dia fora, mas fora chamado a prestar serviços pro açougueiro que fala ao telefone não mais com a voz intimidadora de antes, mas com a certeza de que tanto tempo a realizar o seu trabalho precisava dar uma na sua véia, assistir o jogo, beber, arrotar e dormir. Então falava com calma e docilmente ao freguês que ao outro lado se espairecia. “Vá, moleque, sai que eu fecho isso aqui.” Pendurou o casaco e ao sair foi que se lembrou do pedido, voltou, acertou o porco no pescoço e deixou o facão ali mesmo encravado.Não penso mais em desculpas medíocres, não penso mais em pensar nas aflições de um babaca alheio, no caso, eu. A maior perda da minha vida foi não ter perdido nada. Tudo estático. Celebravelmente, desculpe os neologismos práticos, pomposo. Preciso de sangue, preciso de um pulmão novo. Preciso parar de pensar nessas pulmonazes frequentes. O açougueiro resistiu aos ferimentos e rebolava histéricamente no moedor de carne... como ele achava gostoso. A dor de depois não existia, era futura. O aprendiz saiu em recesso, querendo um trajeto seguro. Não haviam escadas para ocultar o toicinho. Geometricamente, os toicinhos são derivados, perdoe a intromissão inconsciente.Quanto trabalho. Matar porcos para serem sevidos. Antes fossem servidos por putas nobres, aquelas de espartilho, de lenço no pescoço e boca encaixável. Mas não, são nos dados aqueles restos mortais, frescos ainda, por um barbado porco, geralmente escroto, de avental branco sujo a sangue. "Fala senhoria! Quanto de panceta?"Vou pra casa e preparo aquela merda em um ritual profundamente quieto. O tac do relógio tinindo, quase estrapiando minhas zoreba. "Beleza, não inverterei sinais, seu relógio maldito!" e cedo ao barulho do bendito.Faz muito tempo. Muito tempo.Você pega um objeto. Simples, sem encaixes... maciço. Joga em um espaço... o primeiro que tiver perto, joga e observa. De longe, fica observando se alguém o encontra, acha não merecido o objeto, pega de volta, guarda no bolso. Depois de um tempo vem e fala ao açougueiro... "Pensando bem... Hoje vou de alcatra!" Como se naquele momento você se tornasse um rebelde comunista dos anos 70. Que ridículo... Somamente ridículo.