terça-feira, 24 de outubro de 2006

Meu Caro Ivan

1. O homem andava entre galhos soltos, não sabia se era previsível á memória ou se o vago ambiente o permutava a pensar naquela folha seca que o estralo da terra produzia sobre seus pés.

2. Não era verão, não era inverno, era um dia qualquer.

3. Cada brisa levava ao grão mestre vento, cada cabelo soluçava uma dança no ar e na cabeça a certeza de que perdia a oportunidade do escarro. Sim. O escarro forte, de mentalidade escrófula, de caminhos abertos caída nos fluídos imateriais.

4. Enquanto caminhava, pensava que a estrada é reta, sempre. A estrada torta é a estrada errada. As visões das estradas contorcem as mentes... É sempre a estrada correta o caminho limpo.

5. Carregava um sentido no ombro esquerdo. Não desses sentidos fúteis, ou melhor, se fosse fútil já não o seria para ele o nada era inexistente. Se existe um nada, esse já não é nada.

6. Enquanto caminhava alguém gritou: "Abaixa". Uma peteca provinda do meio do parque acertou sua cabeça.

7. Desmaiou e ventura não era mais aquela inicial em que se encontrava... Estava solene, desperto em diversas viagens pessoais... Retomou a consciência aos poucos, como quem é vomitado do ventre de uma fêmea... Havia luz que se desfez aos poucos e aquela mesma luz já não era luminosa, era um rapaz que perguntava "Está bem, moço?”.

8. Levantou, chacoalhou o cachecol para retirar a poeira e disse: "Estou bem" Seguiu a caminhada e encontrou 4 ninhos de abelhas. O primeiro tinha um chifre e os outros 3 nenhum...

9. Observando aquilo percebeu que as visões começavam a encubar sua mente.

10. O trajeto ainda era estarrecido... Cheiro de fruta. Sim, havia muitas frutas naquele ambiente, umas de tão murchas, vazias, outras somente murchas, mas todas de tão singular beleza que ele parou e pela primeira vez abaixou na terra para beijar-lhe os pés. Estava selado o juramento.

11. A terra sujou-lhe a boca. Os dedos do pé se sujaram com a terra. A terra pegou o sal de sua boca que permaneceria ali, pelo tempo que fosse necessário, pois a andança devia continuar.

12. Chegou a um bairro, afastado da cidade por sinal, aos rumos do norte. Na porta da casa havia um garoto de uns cinco anos, desdentado e com bichas na barriga. O viajante estava cansado, queria dormir. "Amigo, fale com vovô" Nada respondeu, tocou a face do garoto e saiu, a terra tinha outro momento para fechar o acordo.

13. Caiu desmaiado debruçado sobre um esquilo. Esmagou o bicho sem perceber e adormeceu sobre seu sangue. Era quarta-feira e na noite havia um cheiro de morte que até as formigas respeitaram o sono do viajante. No ambiente os sons não cessavam por nenhum instante, alternando-se quando necessário.

14. Acordou e enxergou a mesma luz de outrora, mas desta vez era o sol. Perdeu a visão por alguns segundos, foi abraçado em forma de pancada por uma árvore. Vendo isso, alguns moradores o pegaram no braço e o levaram para um abrigo de indigentes local. O andarilho não era bem quisto ali.

15. Quando no início da sopa da pensão, tremeu-lhe o músculo esquerdo direito, voltou os membros para a mesma direção, embora estivesse semi-desmaiado. Não foi somente a palavra "bem vindo" que o despertou, mas a feição do idoso que em sua frente estava num esboço de quarenta e duas horas acordadas.

16. Seus supercílios caídos em intermináveis jornadas de trabalho, aprovado por si mesmo a paternidade da terra, parecia que a comunicação das ondas do ar era menos do que uma nova demagogia.

17. Não, era fato.

18. Pensando em vender seus bens-matéria e permanecer em alguma filosofia oriental, afastou logo a idéia olhando ao velho. Ele chorava? Estavas defecado? Que fim tinham aquelas mãos frouxas e tristes, levantada em missões pessoais?.

19. No intento de continuar a prática da derrota, ele viu o caos bastardo da desassistência.

20. O idoso pensou no rebote da desculpa e pediu ajuda ao novo habitante oferecendo três moedas de ouro raras. Aquele negou com ar de repúdio, apenas de sobre esbato.

21. Foi manejado que deveria deixar a habitação de manhã, o minoro o nortearia para a cidadela que deveria edificar a sua obra.