sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Diálogo

-o que voces querem, queridos alunos?
-queremos tomar chá com o sr, e trocar algumas experiencias.
-e voces querem isso quando?
-pode ser hoje?
-hoje em que horario?
-no horario em que o sr preferir, ou puder.
-não disponho de horario hoje.
-então poderiamos marcar pra amanhã?
-escutem, voces precisam mesmo desta troca de experiencias?
-precisamos.
-podem me explicar o que fazem com esses papeis?
-sim. são cartazes. colaremos por todo predio.
-interessante. e o que dizem os cartazes?
-nada dizem. eram brancos e foram pintados de preto.
-por que os colarão?
-porque são bonitos.
-posso examinar um deles?
-sim.
-não acariciam aos meus sentidos.
-o sr está olhando para a parte de trás do cartaz.
-estou certo que não.
-estamos certos que sim.
-meus jovens, temos uma situação aqui de tal porte que nunca presenciei. me sinto
insultado. Essa é a frente, tenho dito!
- mas senhor, nós desenhamos nessa folha. Essa é a parte de trás!
- Não senhores, terei que comunicar esse fato ao conselho superior.
Conselho superior:
- me diga quantos números vcs vêem nesses cartazes, senhores?
- nenhum, senhor..está só pintado de preto.
- Como podem colar cartazes que não tem números? Os números estão de ponta cabeça?
- Não há numeros senhor.
- Não entendo... Porque então colar esses cartazes?
- precisamos, sr, como o feto precisa do cordão umbilical.
- Fetos? Não seria um espanto de sua infantilidade hostil se manifestando, pregada nessas paredes? querem canetinhas hidrocor também? Além do mais, não acariciam aos meus sentidos.
- Não entendemos, vai disponibilizar canetas?
- É uma onomatopéia! Não sabem figuras de linguagem, rapazes?
- Sr, temos que ir. Ja é tarde e temos que terminar de colar esses papéis até ás seis.
- Pois deixem que eu mesmo colo. Vão-se daqui, agora.
- Dê-nos apenas um então.
- Um? Não. Leve meio. Meio de todos...Tó (Rasgando os papéis ao meio)
- Obrigado Sr.
- E limpem os pés da próxima vez que entrarem aqui.