quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Vladimir, quem historiou da mente pujante

Enquanto amassava batatas entre os dedos cepos de Fernanda, brindava altas histerias do quarto, e apertava com demasiada força o início das idades do pé. Era manhã de outubro no promontório frontal daquelas caias tirantes, ela sugava um pedaço da carne que sobrava por dentre as unhas e como que saboreando, esfregou uma porção de pano, a modo de encharque, e arrimou levemente a língua, apreciando com total delicadeza as riquezas particulares do sabor contido no sêmen em sua face.
Há tempos não a via. Encontrávamos-nos em bromas esperançosas de uma tarde muito bem gelada, pois o gelo arrefecia nos momentos de necessidade quando não se precisa de homens acriançados para fazê-lo. Muito tarde, e enquanto o sol não confirmava o meu relógio, que havia parado talvez, ou melhor, devido aos movimentos recessivos enquanto bombeávamos no quarto, careceríamos voltar. Fernanda era amasiada com o leitão Segismundo, como ela mesma dizia, havia anos e enquanto se adornava nas vestes ao observar a janela do cômodo não pude deixar de indagá-la sobre as verdades de seu colo materno enrustido ainda em seu calor na minha orelha direita. Apenas sorriu como quem precípua uma vibratória lembrança cativa. Na verdade, estava eu muito adverso ali com ela. Observava o teto, fruída, enquanto eu notava uma minúscula mosca confortável em minha coxa direita, mexendo um pouco nos nervos, ela se desatou a ziguezaguear, fresca e levemente, movimentos de total simetria e absorção do espaço encontrado, um bailado pronto de escarnais, um ponto, e voltou a pousar matematicamente em minha coxa, onde eu, vencido pela beleza, não quis mais saber do espetáculo.
- Sabe? Nunca vi um pé de mostarda.
Fernanda era enquista em seus acabamentos, seu palato, sua fronte ranhosa. Excepcionalmente sorri com seu comentário quase rouco e não pensava em me vestir, talvez ainda, masturbasse ainda mais vendo Fernanda colocar a roupa. Virei meus olhos em direção a mosca, agora no prato de nosso lanche, e concentrado em sua cantoria telepática em dias frios como esse, depositei minhas artérias de molho. Por determinados segundos me entorpeci daquele som que aumentava progressivamente, retirei o caldo daquela bolsa tão pesada e desproporcional enquanto Fernanda saia sem se despedir e adormeci.
Quando acordei ainda pingos de suor no chão, abafadura e toda molhadela da cama, agora o trio que me acompanhava em meu solo ocioso de respaldo. Apenas vesti a calça e uma gilete frígida e a velha entrou. Perguntou sobre o copo e a minha coxa rasgada ao talho, já eu, não havia notado quanto sangue havia no colchão e muito menos a coloração combinada do amarelo com o rubro fosco, que abatia a vista nesse frio, numa tarde. A velha colocou-se de quatro, levantou as saias negras revelando uma bunda em forma de Y coalhado, desértico, mas ao mesmo tempo esperançoso. Enchi-me do mais profundo desejo por aquela senhora que lambia a ferida escondendo as pupilas no imo das pálpebras e comecei a dar tapas em suas bochechas rosadas, ora com a mão direita, ora com a mão esquerda. Os movimentos começaram a formar em minha cabeça numa câmera lenta, comecei a calcular força, precisão e ritmo. Quando cessei, meus pés estavam repletos da mais pura urina, aonde eu visualizava perfeitamente a janela por detrás e a velha cessou os gritos deitando-se no chão, rolando venturosa em sua própria imundice. Vesti-me e cordialmente, me despedi da governanta da pensão e saí a procurar Fernanda em meio a casa.