domingo, 5 de fevereiro de 2006

A Torre

- Há anos tento construir uma torre em nossa residência de verão, meu filho. Quando seu pai morrer avise vossa mãe que ela poderá vender a um fidalgo qualquer que a desejar possuir.
- Ó papai, como tu és belo e justo.
- Obrigado. Vamos tomar café agora.
Nisso passava um velho careca com sardas pelo rosto inteiro e que ouviu a conversa. Olhando as nádegas do menino gritou:
- Com uma borda dessas, faço haver tua torre.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
- Obrigado. Venha tomar café com a gente.
Nisso passava uma velha careca com sardas pelo rosto inteiro e que ouviu a conversa. Olhando as nádegas do menino gritou:
- Faço haver também tua torre com uma borda destas.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
Passou desta vez um mocó que surrava o intestino, sangrava pelas narinas, corroído pela lepra e cuspia os dentes enquanto falava:
- Faço haver também tua torre com uma borda destas.
- Pois trate de mostrar os dotes.
- Pois aqui ei-los.
A torre, de pronta, foi construída por cerca de quinhentos homens e uma velha, e se via por toda a região.