terça-feira, 12 de maio de 2009

Epílogo

Carregava um espesso mantra nos braços, os ombros figuravam travados com o corpo, porém davam liberdade para as mãos, o olhar abismado e infantil, olhar de loucos embriagados de razão, os passos firmavam-se na terra como pregos em madeira mole, trazia a alegria dos profetas, a vontade dos justos e a afirmação convicta dos poetas.
Vinha cansado de batalhas, sereno, livre, cantava com a língua próxima aos dentes laterais, movia a mão que não segurava o cajado sintonizado com o rítmo das pernas numa proporção ímpar, porém bem cautelosa, e trazia na mente nada mais que o trajeto.
O andarilho era a felicidade.
Suas vestes não eram encardidas, mas eram dotadas de tempos e percebia-se que se lavavam em todo e qualquer dos riachos possíveis, seus fiéis amantes, ele tocava harpa com a barba, sorria pras crianças e ia caminhando, e ia caminhando, de tal anos tão antigos quanto sua figura no mundo, por ser passada de homem a homem aquela entidade.