sábado, 2 de maio de 2009

Cozinha

Quantos sóis absortos, de diferentes identidades, preferentes quando chegavam a surrar nossa única janela de casa, regada com uma flor que me dera e dissera ser a caricatura única de nossa ternura. Quantas vezes desfiei-a murchar, jorrando água ás pressas tais regentes, para que decretasse que iria embora, trancafiando-me no quarto em noite de acesso. No abismo de sua racha tchalaguei todos os dedos. Decretaste ás goelas acessas dos confinantes todo seu estupor de quem jazia estropiada na cama, ficando fula puta depois, mas concedendo no meio. E que o silêncio, um dos nomes de Deus, se aconchegava aos poucos e caiava sereno no quarto, ditando ordens de saudosismo, você num canto da sala, eu em outro e o criador e criado do gemido tardio no meio. A solução era o soluço. Atualmente percebo que minha massa cerebral é chula como um frio sanduíche de merda, virado com o recheio para baixo e encostado no canto de única mesa que tínhamos e que hoje já não sei mais. As diferentes dobraduras de vivências, ambas colidindo em nossos gestos ao cozinhar, banhar, andar, sair, beber, fumar, amar já me foge de tantas, chuvas verdes que você observava quieta debruçada sobre a janela, a laje aliciava cantos compassados, e os montes estaticamente frios cobriam minha nuca branca. O tempo sempre foi nosso amigo, mas constantemente exigia provas de amizade para com ele. Nunca ponderastes ditados falecidos com gosto de creme em maçãs fálicas, nunca disse que o repouso nada mais é se não um tempo nada maligno dado a ele mesmo como amostra de seu talento próprio rejeitando seu próprio ser requisitado dentro de sua vontade necessária. Hoje, quanto mais dentro da noite, mais noite dentro de mim. E nem dizer quanto sinto sua falta me julgo capaz. textos confissionais, inatíngiveis respostas, alentos repetitivos. Não há nada de novo, a velha história de dar corda no planeta. Atravanque quem sabe um dia, e que tantos dias bonitos vivi pelo fato simples de serem apenas bonitos, tardes fechadas, desconhecidos cerrando os lábios em tom de deboche, um medíocre segundo dado para si mesmo. Quem me dera ter a eloquência do mudo, os olhos do mundo, o livro que lês. Sou apenas mais um repouso traduzido em recreio da vida. Um nada. Um ser errante, com o álibe e perdão do termo á romantismo clássico. Uma nuvem chega de muito longe, pessoas também, e do mesmo jeito que chegam nos vão e não há nada que possamos fazer sobre isso. Alarmada, gentil e senil vida senhora, compromisso de saberes, maravilhados espantos delirantes, por trás de nossas ridículas faixas faciais escondemos nosso próprio enigma, luares que entram em nossa sala sem pedir licença. Me refiro á você e seu desejo que compactuo de construir a desconstrução a cada espelho tranparente de cada dia. Tranfiguro meus testículos em ovários violados sem medo de parecer cômico, pois no príncipio eu era a sociedade, raspando dignidades, distribuindo obséquios, coçando os bagos sem anseios maiores. Agora me sinto á vontade para lançar o mais puro jato de vômito literário, direto da fonte, sem pompas, sem modismos, sem filtros encadeados vindos da massa craniana exalando borras fecais. Gratificantes as rosas de sal mesmo não tendo olhos, dando as mãos enquanto o mundo respira como em uma tela de zinco, porém sem invocar a frescura da superfície que possuem as palavras isoladas. Entendo sua aflição e cansaço, calma provacativa de não ser implacável sem retoques incriminados, a inutilidade é uma questão de casos característicos, de dormência das vontades. Ando meio emotivo, abestalhado, impulsivo mais do quê já sou e não sei mais da minha própria veracidade. Tenho sido fodido por quase tudo que cruza minha frente e a impressão que tenho é que uma velha de ceroulas amareladas da mais pura urina (aquela que parece ouro líquido), unhas abarrotadas de carniça dos dentes, sorriso e falar diabólico costura minhas linhas da vida na epiderme de um felino doméstico morto á meses.