domingo, 2 de dezembro de 2007

Casualidade

Os olhos do caboclo estalaram-se. Seus pêlos ouriçaram. Suas mãos tremeram. Uma gota de suor escorreu. Um frio percorreu a espinha. Levou uma azeitona calibre nove no meio da cara. Tudo em menos de dez segundos. O executor saiu caminhando. Levava o cano da espingarda apoiado no ombro. Sorria.

Entrou na padaria. Olharam assustados. Pediu um sonho para a primeira atendente. Ela correu. Os poucos clientes também. A segunda atendente o viu. Foi reconhecido pela ex-mulher. Atirou pro alto. Mandou fecharem as portas.

Hora Primeira

As portas são fechadas. Fabiana desesperadamente diz que o ama. Ele levanta a arma alguns minutos. Os vizinhos percebem algo estranho. A polícia chega ao local. O patrão tenta convencê-lo após entender que não se trata de um roubo. O telefone toca algumas vezes. O telefone é desligado. A TV é ligada. Silva fica em silêncio. Assiste alguns minutos. Desliga. Silêncio.

Hora Segunda

Fabiana começa a ter um choro convulsionado. Momento de ira. Silva interfere lembrando a autoridade. O patrão pede pra sair. É negado. Fabiana tenta dialogar. Silva ouve sem responder. A TV é ligada novamente. Nela vê-se a imagem da entrada da padaria. Silva come.

Hora terceira

Os policias tentam dialogar. Os dois reféns apenas dizem que estão bem. Silva pronuncia as primeiras palavras direcionadas á ex-mulher. Sermões de como destruir uma vida. Ela chora e diz que o ama. Ele sorri. Pela décima quinta vez o patrão pede para ser liberado. Primeiro ataque de ira de Silva. A televisão é destruída. A polícia ameaça entrar. Silva impõe autoridade.

Hora quarta

Silva pede para fazer sexo com Fabiana. O patrão assiste por pedidos do seqüestrador. Silva come. O patrão é liberado. Primeiro diálogo direto com os policiais. Exige um barco de pesca, um maço de cigarros e um helicóptero. Silva dispara palavras para a ex-mulher. Surra-a psicologicamente. A filha em comum serve de pretexto. Não verá ela crescer e nada mais. Como será a morte e tal.

Hora quinta

Silva chora pela primeira vez e Fabiana tenta abraça-lo. É empurrada contra a parede e chacoalhada. Silva vira um litro de leite. Engasga. Grita palavrões batendo na porta. A polícia interfere. Quebra alguns móveis. Interferência falada da polícia. Fabiana antecipa-se dizendo que tudo corre bem. Silva diz que pretende se entregar, mas antes quer um padre.

Hora sexta

São escutados tiros. A polícia arromba e chega invadindo. Dois corpos no chão. Um morto na hora. Outro á caminho do hospital.