domingo, 9 de dezembro de 2007

conto n.61

Grande chefe, você consegue me ouvir quando eu te chamo? Pois você somente fala “é isso”, continuo o trabalho, quem me dera ser um grande chefe , tomar um pouco de água, olhar pro relógio e ouvir alguém dizer: grande chefe, você consegue me ouvir quando eu te chamo? O quê é certo nos detalhes, não consegue ouvir se falta luz no capacete, se falta uma geladinha no almoço, grande chefe, eu vou chegando em casa dando tapas na face da gorda puta deitada na cama, cale sua boca, vagabunda e prepare um café na minha bermuda. Mas como é deleitoso calarte a boca, sentado aqui na décima quinta cerveja, batendo cartão, mandando como louco, fumar causou câncer de pulmão. Umas das idéias era mudar de endereço novamente como uma besta que quer mudar as palas, transferi-las com certo repúdio ventrenício, numa avaliação histórica de vidas medíocres que passam pela minha frente não tantas quanta a minha, em debate público, carro do governo, dando acenos virando Orestes Quércia. Tudo bem, patrão, me perdoe, vi um capacete louco certa vez numa loja e tratei-me de adiantar as desculpas. Foderam-se todos, eu fiquei pra maldita importância, mas mulher, agora me diga, qual o problema com você. Mais que caralho mulher, qual é o problema com você? O quê você quer de mim, caralho? Caralho? Talvez você vire só um clarão instantâneo de memória no clarão entre meus dedos ao acender um cigarro, e só, mas, mesmo assim, que merda mulher, o quê você quer de mim? Que eu me foda? Se for isso, entre na fila, por favor. A senha é ali. Espere um pedaço de veia pulsando, pois na hora que chegar, estarei cagando. Como sempre.