sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cena urbana n.2

Uma árvore que produz maçãs. O homem apareceu no ponto de ônibus trajando um terno preto, uma maleta clássica na mão esquerda, a sombra da maleta descansava até a metade de suas pernas e seus cabelos eram grisalhos, quase prateados.Não fazia contato visual nenhum com quaisquer dos transeuntes ou das pessoas que esperavam a locomoção. Não parecia sorrir, embora levantasse um pouco os lábios superiores, como se palitasse os dentes com a língua e devido ao formato de seu rosto julgava se tratar de um oriental. Estava naquele ponto por cerca de meia hora, aquele sol de duas horas da tarde da maior cidade da américa do sul repousava generoso em sua cabeça, reluzia todos os fios e parecia incomodar todos ali, apenas via-se um rastro de suor escorrido de sua fronte que o homem não enxugou. Essa gota, após rolar demorosa, acelerou-se depois do queixo vindo a sumir na camisa branca do terno. O homem chamava a atenção. Vero fato. Chamou maior atenção em particular á um idoso que esperava um ônibus que costumava demorar. Tinha visto todos os ônibus pararem ali e somou o fato de que em nenhum deles era o do homem de terno, talvez esperasse o mesmo, quando um Jaguar cinza XKR S passou e parou perpendicularmente á maleta do homem. Ao abrir a porta, o velho notou mais quatro asiáticos vestidos da mesma forma. O carro parou em frente á uma casa amarelada e desgastada com a humidade, de trancas enferrujadas. Duas buzinadas. Cerca de um minuto e meio depois, esperados pacientemente com o carro ligado, um homem ocidental desceu. Ao abrir a porta, via-se as escadas para o andar superior. Entregou dois pacotes amarrados igualmente por uma fita vermelha e o símbolo do chujak, o pássaro que simboliza o sul. O carro seguiu para a parte mais baixa do Bom Retiro, parando no jardim da luz. Desceram dois homens, os outros dois continuaram no carro. Ficaram parados ali. Dentro do carro os dois trocaram duas palavras. Pararam num comércio coreano. A mulher gritava histericamente enquanto os homens se dirigiam ao fundo da loja. Os dois homens eram o da maleta e um que andava mancando e possuia uma bengala que fazia muito barulho a cada estocada dada no piso formado por tacos. Chegando os dois ao fundo da loja, num pequeno quarto, um velho coreano estava atrás de uma mesa com cara de espanto. Tentou tocar na gaveta, um dos homens jogou sua bengala que acertou a mão do velho em cheio. Ele gemeu. O homem sem bangala encostou as costas na porta para impedir que a mulher histérica conseguisse abri-la. O outro homem lançou os dois pacotes encima da mesa. O velho hesitou. O homem de terno então abriu a maleta e retirou uma pistola, cromada, da marca Captain, e apontou. O velho abriu o pacote. Dois dedos de mulher no primeiro, ambos os mindinhos. No outro pacote, uma foto de uma garota sendo estrupada por sete homens. O velho gritou: "Ttal!" e avançou no homem que respondeu apenas com um soco. O velho se contorceu com o golpe, virando no chão. Resmungou palavras que não agradaram os dois homens. Um foi até o vaso. O velho gritou de mãos levantadas. O jarro foi ao chão revelando grande quantia de dinheiro. O homem de pistola pressionou-a contra a testa do velho: - Annyonghi kaseyo, Geseki.