segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Fezes de Varsóvia

Abre aspas, grita o leiteiro: Nas transcrições rítmicas é melhor pensar por motivos do quê por unidades. Amóz Oz, um escritor de Israel, um fanático recuperado, tentando constantemente se libertar da visão imposta em sua infância. Através de sua mãe viu que nada era preto ou branco e que concessões era um sinônimo da palavra vida. Dizendo que “às vezes os fatos comprometem a verdade”, ainda diz que o que ocorre entre palestina e Israel é uma tragédia e que a tragédia nada mais é do que quando os dois lados estão com a razão. Existem dois jeitos de resolver uma questão dessa natureza. O primeiro é do jeito shakespeariano, com os cadáveres dos envolvidos espalhados pelo chão, e o segundo é os dois lados saindo insatisfeitos com o acordo. Villa-lobos tem gosto de acerola, Stravinsky de caju, Bártok de jaca, Beethoven de carambola, Mozart de uva e Ligeti algumas vezes tem um sabor de arroz temperado com vinagre, sal, açúcar, alga marinha, keni, pepino, cenoura e ovos. Durante muito tempo a melodia foi um tabu na música contemporânea. As soluções não-tonais, com todos seus ismos e ades, mostraram-se efêmeras, de curta vida. Schoenberg dizia que o sistema dodecafônico ia sustentar os compositores durante cem anos, uma suposição ingênua e prepotente. Tamo aí, com dois toques bem dados, mas pouco cutucados, caminhos abertos para uma música que seja “nova” mas ao mesmo tempo não tão horrível como a que andamos fazendo hoje, onde menos de um por cento da produção total se salva. Falo de melodia. Os dois toques sobre como trabalhar um novo “conceito” de melodia para criar coisas tão geniais como Mozart, Chopin (embora eu não curta), enfim, os clássicos em geral, já que é inviável retomar a mesma temática: A inspiração autêntica no folclore de Bártok ou os “cadáveres dissecados” de Stravinsky (trechos curtos com 5,6 ou menos notas). Vi poucos compositores pensarem em melodias. Desenho, gesto, escala, harmonia (no sentido de coisa harmoniosa). Cito dois (há mais) que vêem agora em minha mente sem vacilar, um com cinqüenta anos, outro com sessenta, respectivamente: Benjamim Yusupov, um judeu alucinado trabalhando com melodias estupidamente originais e Alla Pavlova, uma russa radicada em Nova Iorque que tem dado uns tapas na disfarçados de neo-romantismo. Gostaria de falar deles detalhadamente mais pra frente e se escrevo agora é para lembrar depois. Fecha apas a la pompa Del mode.