sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Psauy

Ponha os óculos, Madre Friniscúa e apareça agora mesmo em minha frente - a superiora tartamudeou-se assim que fez estalar os estalos dementes de todo o convento para a beleza convulsa, quase renitente aos caminhos anversos daqueles corredores. Ela estava louca, falavam pelo ambiente, ela estava louca como uma senadora americana do século dezenove, gemendo a noite em língua estranha. Irmã Bethânia, sua hora chegou, ponha o hábito, falou discretamente e desceu acompanhada com passos apertados de jamanta, mesmo ser ainda cedo para o recolhimento geral. Como queira, mas desta vez não leve velas, vá sozinha, ande em passos pequenos dentro de seu pequeno sapato e sorria ao passar em cada porta aberta. Barra e suspensão, respectivamente, ligada em direção interior; oraram sim, antes não uma, mas três ou quatro vezes e perguntou-lhe sobre a possível gravidez e se estava amaciada e se abraçava a graça ou nutria o campo com mais carne e ossos pequenos, e assim no seja o que fosse, havia de passar por ela. Bethânia hesitou, ensaiou choro, sairia dali. Passou em corte no campo á noite, nuca tinha visto o campo á noite, cuidavam-lhe no dia nas plantações e fumavam escondidas, todo o convento exalava tabaco, todo um querer de cabeças borradas em tristeza, quantos desenganos, e teve com a mãe desfalecida antes do nascimento e seu nome era Psauy e seria profeta. Cresceu amaldiçoando o criador, negando fazer traquinagens quando não e aumentando as mamas da progenitora, pois era de muita sede. Veni tollis, repetia, Vidi tollis gritava, vici tollis, sussurava fumando. Alguns pés de tempo acumularam-se, hoje tem trinta e três anos, desmentidos para vinte e um quando perguntam de proezas, aumentados para quarenta e dois quando perguntam de sua mãe.