terça-feira, 18 de setembro de 2007

O Santo

Ou te duelos ou te afinas. Foi a última frase do alemão Santo Katwfli, um pouco antes de descer a maré da noite, ao lado de um barco que fedia. Um oásis geodésico. Começou então o sermão de seu assassino em voz alta e firme:
- Se arrastai por este mundo, chamando-se santo. A tua vingança é ter sido e eu Doutor. Quando vedes, embolada, uma lágrima afumada que cresce como luzes de cassinos empenhados, eu me empenho em desfazer de ti. Nem mesmo sendo um floco de seu seio, hoje me quebro para que compreendam um valor que representa minha vontade de querer. Eu paria meu destino, espelhado em seu designo, no enterro de minha esperança e do meu coração. Sabem que não caibo mais no mundo e que agora consta um abano em minhas rodadas, minhas ilusões passadas, meus pedaços de vencido. Queimei como um diabo em papas derrubando muros de velejas, teimando nunca mais voltar. Um lobo bebendo em sonhos, adorando-te, triste. Aqueles olhos bromos que eu tinha, nunca mais. Katwfli, vim para lhe matar.
Nisso, uma mãe de santo entre os espectadores pegou um punhado de areia do chão e interferiu a favor do santo. Disse o assassino:
- Sabe-se, mãe cacto, aquela coisa de peixe? Decepo!
Pegou o punhal e cravou no santo alemão, que não pronunciou som algum e caiu no chão como um embrulho de borracha, igualmente mudo.
- Agora te borras, Katwfli. É a hora.
Antes de morrer, defecou.