segunda-feira, 14 de julho de 2008

A Estimável Casa de Alcides (Romance) - Parte IV: Ladrilho

Abrindo os olhos com a concentração medianamente embaralhada da temperatura de antes, Honório escovou os dentes com mais força do que comumente. Exalava um cheiro fétido de hálito forasteiro, quase semi-medíunico, sorvendo a saliva renovada pelos cantos da boca, fazendo bolhas com o creme, cabritando para si mesmo qualquer expressão que o lixasse consumamente para bem longe dali, daquela cancha que se assemelhavam as rugas na bomba suja do centro da bunda. Coçou. O olor de manhã batia em cheio e era onipresente em suas narinas fatigadas pelo processo vivido da noite. Era um novo ser sério jogado ao ambiente. Enquanto olhava o espelho, uma marca d´agua formou-se aonde se via uma visão do passado tenrosendo-se atrás de modo óxido. Quando criança tinha dois amigos: João e Maxubi, esse último meio que procurando algo com os olhos sempre. Divertiam-se pulando em terrenos desocupados ou em construção, faltando às aulas quando possível, negando pequenas mulheres por não saberem a pretensão verdadeira de suas intenções. Inocentes. Achava os calores provenientes do solo os melhores para uma aberração, achando nas bebidas de meio gole um gosto acrimonioso de mofo, a fornecer poeira, nenhum dos pedaços permanecendo: o copo, uma caixa áspera de sacrifício. Pois bem, absorto nesses pensamentos recebeu sua primeira visita. Um gato que miou na porta. Abriu-a com desdém, pegou o bichano e soprou seus pelos, calmamente, quase ao mesmo tempo em que levantou a cabeça para reparar na janela uma fila formada de carros de visitas, tornava a cena a mostrar. Cuspiu irreparável. Cara de nojo. Jogou o gato na cocha que grunhiu e saiu correndo. Pensou no vazio, no perto, no gato, no jasmim, no curió, no travesseiro e no algodão. Cumprimentou-lhe literário antes do felino cruzar a porta retirando-se. De volta á pia, jogou água em sua cabeça, e viu que quem parava os carros era um outro cara, de boa estirpe e meio indômito, desconhecido dos funcionários dali e dos poucos internos prudentes. Era um visitante responsável. E então sua unha tinha jasmim, alma, sacrifício e irresponsabilidade. Mirou o espelho. O espelho mirou Honório. Viu rajadas de areia atravessarem seus olhos cansados. E pensou: colocar o gato num cativeiro, no melhor estilo japonês, com certa crueldade, talvez firme teria paz, ali havia coronéis, livros e imaginários, um lugar. Um puro inferno. Foi para a sala comum. Rejeitado no sofá, olhou as paredes, arrastando na sua nova física, confundindo-se com um espreito vadio, checo, acoimado ante o recinto subido:
- Olá Honório, como vai hoje? – Perguntou-lhe um dos funcionários.
- Ótimo, não se vê?
Abriu o caderninho do romance, ao tentar rabiscar a primeira palavra foi interrompido pelo mesmo funcionário:
- Sem visitas?
- Morreu minha mãe, retrucou.
- Tenho uma surpresinha pra você – disse o funcionário, sorrindo.
Levou-o então a uma sala limpa. Mostrou o banco, para que se sentasse. Descarregou uma ampola inteira numa seringa.
- Dói? – Honório perguntou.
- Nunca mais – Riu.
Aplicou de uma vez, rápido, doendo mesmo.

Viu um devaneio com margens cinza, marofa de aliviar, e ela chibatando em fiasco um feio portando um revólver fálico. Do semblante dela não teve qualquer anfibologia ao balançar num pneu de tripas, como tinha dito ela. Mudou as táticas, qual estava apreensivo sobre seu eqüino, e disse, com seu melhor sorriso:- Tange, tange, bate a cara no muro, bate a cara na cara. Oxalá fosse diferente essas ancas no seu cabresto. A fisionomia dela transformou em um momento. - Não tenho nada com baitolas. "Afetuosamente!" Ele disse, enquanto se fazia com a cabeça de uma inclinação inesperada para o esquerdo nanico bronco. Então vomitou enquanto cavaldava, se aproximado como podia para reduzir a velocidade do cavalgar rotineiro.

Honório estava caminhando trombando nas paredes. Tanto da direita como da esquerda, quase alternado. Um fio de baba quase tocava seus pés. E seus olhos tintiliam com a mesma velocidade em que tremiam os tendões do pé, remoto em excelência. Gericáult sentado, ao vê-lo, disse entre dentes sorridentes: “Aquela ilusão de vida e caráter que encantam a pessoa em homens está mais bem trabalho manual.” Honório imaginou um tamanho enorme de madeira de que balançava em cima da escotilha dela e viu aquilo como um assunto inanimado, olhando mais pesado e caminhou como que parecendo cruel carregar seu corpo e tudo mais aquilo por ali.